quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

o CERTO POR LINHAS TORTAS - Café Comportamental - Por: Julia Chaim



O Certo por Linhas Tortas




Quantas vezes eu reclamei, fui contra, perguntei-me o porquê de tudo aquilo, sofri, tive que ir por um caminho que não era o que eu desejava... E hoje estou aqui, no melhor lugar que poderia estar, esforçando-me e tendo resultados positivos.

Por falta de maturidade e por grande apego, muitas vezes temos dificuldade de entender e aceitar os novos rumos que a vida nos oferece a seguir. Culpamos um deus, nossa incompetência, o outro, os acontecimentos que nos fizeram agir daquela forma... Choramos, brigamos com o mundo, nos sentimos vítimas e negamos a realidade...

E depois de um tempo, de um passo após o outro, de algumas ajudas aceitas e do instinto natural de sobrevivência, nos reerguemos e seguimos nosso caminho, aceitamos que ele é conseqüência, que é necessário e válido de algum aprendizado. E de repente, como um insight, nos damos conta de como tudo está bem, do quanto àquela mudança de rumo foi positiva, do quanto somos capazes de melhorar como pessoas quando optamos simplesmente em seguir nosso caminho, sem perguntas vazias e mágoas... Quanto os acontecimentos da vida podem nos transformar e proporcionar amadurecimento.

O fato é que estamos no melhor lugar que poderíamos estar. Este lugar é a resposta de nosso passado e o que vislumbramos para o futuro. Este lugar atual poderia ser melhor e está na capacidade e na vontade de cada um fazer com que tudo realmente melhore. O melhor que temos hoje não significa que é o melhor que podemos ter.

Sempre podemos mais. Sempre está em nosso alcance fazer melhor.

O caminho, por mais doloroso que seja, é o retorno que a vida está nos dando às atitudes que tivemos e às ações que idealizamos ter.

A oportunidade vive no agora.



Júlia Chaim







terça-feira, 30 de novembro de 2010

Tem hoje. E só. - COLUNA NA CONTRAMÃO- Por: Nancy Nuyen



Tem hoje. E só.


*por Nancy Nuyen

Dia produtivo. Antes de tudo, explico que entendo como dia produtivo um dia diferente daquele dedicado somente ao trabalho e aos compromissos assumidos.

Não ficou claro? Lá vai: Lembrei de mim. Uma mulher, ser humano, que vive quase sempre no piloto automático ("qual a próxima tarefa, trabalho, obrigação? O que eu esqueci de fazer?").

E me permiti algumas poucas - porém, adoráveis - horas de paz, bobagens, pequenas coisas (que são as grandes, olhando de perto), olhares novos, pensamento voando sem amarras, sentimento chegando e, depois de sentido, indo embora prá dar lugar a outros... enfim.. o que a vida deveria ser.

Daí é assim: acordar sem despertador e se espreguiçar muito. Sair da cama sem correr. Preparar um bom café. Ler os trabalhos dos estudantes com calma. E curtir muito (nooossa, a moçada vem se superando...). Parar para cuidar de si mesmo, ou seja, meditar, caminhar olhando cada casa ao lado, com suas portas, janelas, formatos, jardins, cachorros... Gente, nunca vi que tinha tanta casa bonita neste lugar.

É descobrir que temos novas lojas no pedaço, entrar em cada uma, saudar os lojistas, xeretar sem compromisso e sair andando. Cuidar da pele, da floreira.... Café quentinho na padaria, sem pressa, sentindo o sabor. Parar para fumar um cigarro, demoradamente e... perceber que assim não tem muita graça, e ficar sem vontade de fumar no meio do cigarro, apagar e sair andando. Ligar para o namorado, pausa feliz, sorrindo.

Entrar na lojinha e comprar jujuba, bala de goma, aqueles doces e salgadinhos do tempo da escola. Continuar andando com alguns doces na boca. Pensar: "Será que vai chover hoje?", ou "oba, logo vou montar a árvore de Natal" sem ficar aflita.

Almoço tranquilo, mais leitura, em paz. Brincar com os cachorros, ver os compromissos com mãe e pai, sem ficar impaciente. Lembrar que hoje é dia de rodízio e pensar: "Que bom! Excelente desculpa para andar mais e ver tudo o que não vejo quando estou dirigindo. Hoje vou parar quando tiver vontade e continuar quando quiser. Parar para ver que reformaram a casa da esquina e ficou muito legal e pensar em deixar minha casa mais legal também. Continuar quando tiver visto o que queria ter visto, detalhadamente. Simples assim.

Lembrar, no meio da andança, de quem se é: neste caso,mulher que precisa de alguns cuidados.

Vi coisinhas lindas, brincos, pulseiras etc e tal. Experimentei tudo e só levei o que realmente curti em mim ( e tb o que pensei que ele pudesse curtir, claro, não sou - e nem quero ser - a independente profissional egocentrada). Umas espiadas no computador, para saber dos amigos. Tranquilamente.

Telefonar para uma amiga querida, agendar para nos vermos logo mais. Vai ser bacana, é uma amiga mesmo, não aquela coisa de mulherzinha que troca três beijos, se chama de querida e dá-lhe falação pelas costas... estas ( e homenzinhos assim) já dispensei há muito tempo.

Ih... choveu! As plantas agradecem, quem está no trânsito poderia aproveitar para se alongar ao som de uma música legal, né? Ou ligar para os amigos.

Ouvir e ver que a coisa tá feia no Rio. E perceber que isso entristece, mas não o suficiente para estragar o dia. Sentir, se solidarizar... mas, de forma concreta, foge do alcance qualquer outra ação, exceto escrever sobre, aqui e em outros lugares, talvez em outro momento.

E assim o dia vai passando. E dando voadora - o que, por vezes é necessário - ou ficando zen - o que é sempre necessário - chove, faz sol, casas são reformadas, os enfeites de Natal surgem aqui e ali, cada dia descubro um novo (como é bonito isso, acho que não tive infância, adoro!). Tudo acontece, tudo é. Só não acontece se não permitirmos que os olhos percebam, se nos entregarmos à ansiedade insana de quase todo dia.

E sobraram algumas horinhas de claridade no final. Então é isso. Tudo é. As coisas são. Basta olhar um pouco mais demoradamente. Tirar o pé do acelerador. Afinal, como diz a música, "ninguém sai vivo daqui mas, vamos com calma". É preciso viver e se sentir vivo, se olhar para poder olhar o externo.

Não tem pódio de chegada, não tem prêmio lá na frente. Não é competição, embora tentem nos convencer disso 24 horas. Tem hoje. E só. Estabeleça metas, faça o que precisa ser feito, cumpra sua palavra, não falte com a verdade e não deixe para outro dia. Mas reserve um tempo para deixar A Vida pilotar e sai andando... Faz bem, eu recomendo. Juro que o mundo não acaba. No máximo é possível se dar conta de que não vivemos, na acepção completa da palavra. Estou falando isso prá Nancy - aquela que corre corre corre - ouvir e fazer um dia desses muitas vezes mais. Bora?

*Nancy Nuyen é jornalista, professora, roqueira, anarquista, inadequada e livre. Pensadora e amiga também.*







Cegueira - C.0.L.U.N.4. H.U.M.4.N.A. - Por: Michel Siekierski



Ensaio contra a cegueira




Na semana passada, estava conversando sobre cinema com um amigo e perguntei-lhe se havia assistido ao filme “Diamante de Sangue”. A resposta, que me serviu de inspiração para este texto, foi exatamente esta: “Não, Michel. Não gosto de assistir a filmes que expõem demais a realidade”.

Foi então que não pude deixar de pensar naquela que talvez tenha sido a primeira citação ou frase de efeito que me foi ensinada na escola, assim como estou certo de que foi para muitos de vocês também: “O pior cego é aquele que não quer ver.”

Pois bem, o que me deixa intrigado é como tal ensinamento pode ser esquecido tão fácil e rapidamente pela grande maioria de nossa sociedade, apesar de tão repetido e divulgado, ao longo de tantas gerações. Por que nossa sociedade está tão repleta de pessoas que fazem questão de serem cegas?

Será que, com o passar dos anos, fomos sendo condicionados a manter o “foco” em nossas carreiras, crescer profissionalmente, ganhar cada vez mais dinheiro, ser reconhecido, sem lembrarmos que, de vez em quando é preciso parar um pouco e observar o que está ocorrendo ao nosso redor? Será que estamos tornando-nos uma sociedade repleta de peritos e especialistas, transformando a visão sistêmica em uma qualidade cada vez mais rara?

Certamente, o fato de vivermos na Era da Informação fez com que muitos abrissem seus olhos e mudassem de atitude, ou melhor, tomassem alguma atitude. Entretanto, este mesmo fato torna ainda mais imperdoável a opção pela ignorância feita por tantos outros, como se esta fosse uma alternativa válida.

Muitos dirão que não cabe ao cidadão, mas sim ao Estado, combater todas as injustiças e desigualdades que testemunhamos em nosso cotidiano. Mas não é exatamente este o significado da palavra “iniciativa”? Fazer a coisa certa sem que seja necessário que alguém peça ou nos obrigue a fazê-la? Aliás, por que a iniciativa tornou-se tão valorizada e requisitada no mundo laboral e tão esquecida fora dele?

Mas tudo isso é compreensivo, afinal, sincera e honestamente, quem conseguiria dormir tranqüilo ao refletir sobre toda a miséria em que a MAIORIA dos seres humanos vive, sobre a eminente falta de água no planeta, sobre os animais em extinção, sobre os vira-latas abandonados, sobre os desmatamentos de nossas florestas, sobre a impunidade para os corruptos, etc?

Talvez este seja o ponto! Talvez, quando nos deparamos com estas informações e optamos por ignorá-las, ou então, quando nos limitamos a delegar a solução de nossos problemas para órgãos públicos, notoriamente conhecidos por sua incompetência, devêssemos, de fato, ficar extremamente preocupados e, por que não, até perder nossas sagradas noites de sono.

Sei que as vezes nos sentimos impotentes diante de tanto a ser feito, mas o importante mesmo é aquilo que fazemos dentro de nossas possibilidades. Se todos fizerem apenas aquilo que podem, já teremos um mundo infinitamente melhor. Eu garanto!



"Todo o homem é culpado do bem que não fez" - Voltaire



*Michel Siekierski é uma pessoa com princípios e valores arraigados, amante dos pequenos prazeres da vida, que não tem medo de expor suas opiniões e nem de mudá-las, viciado em pensar, questionar e refletir, apaixonado pelo ser humano e colaborador do I.N.T.E.R.V.E.N.Ç.Ã.O H.U.M.A.N.A às quintas-feiras.* - EXCEPCIONALMENTE EM TEMPOS DE GUERRA, A PUBLICAÇÃO FOI ATRASADA. FALHA MINHA. - T.U.R.Ô.









quarta-feira, 24 de novembro de 2010

'Impostrômetro' - Grubals Psôa saiu da tumba!



Nesta semana o tal de impostrômetro atingiu 1 Trilhão e cem bilhões de impostos:


http://www.tributarista.adm.br/impostometro/home/brasil.php



O mais ridículo nesta realidade mórbida, é que somos obrigados a votar em Impostores...

Isso mesmo, um monte de vagabundos que a único objetivo é criar mais impostos, e são impostores na acepção da palavra:

adj. e s.m. Que ou quem engana com falsas aparências, com mentiras; embusteiro.



A minha maior esperança ou ingênuidade é : Que pelo menos parte deste mísero 1 trilhão de reais seja repassado para pessoas que vivem abaixo da linha da miséria, sem ter o que comer, sem perspectiva nenhuma de melhorar de vida...



E espero que haja alguma punição aos "Impostores" pelas leis do universo...

Quando alguém rouba 1 ou 2 milhões deste País serão 1 ou 2 mil crianças morrendo de doenças e fome no norte de Minas e Sul da Bahia...



Será que sou ingênuo ou para não morrer meu espírito continuo acreditando?



Um abraço do Gruball´s
 
 
*Grubals Psôa é fênix todo dia, corrido, morto-vivo-vivo-morto por aqui, mas continua sendo um dos principais elos do corpo do I.N.T.E.R.V.E.N.Ç.Ã.O.  H.U.M.A.N.A. com a cabeça dos que nos seguem. Ás 4.as., preferencialmente*

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Sobre a Beleza, sem medo - COLUNA NA CONTRAMÃO - Por: Nancy Nuyen



Sobre a beleza, sem medo.




Por Nancy Nuyen*



Hoje as flores chegaram com um sorriso matador.

Rosas vermelhas, num arranjo, delicado, elegante, amoroso.

O sorriso atrás das rosas desviou minha atenção.

As flores chegaram com um abraço daqueles que se perde a noção (aonde termina um e aonde começa o outro?).

Hoje as flores chegaram com um sorriso delicado, elegante, amoroso.

Junto com o abraço.

Cair no abraço. Sem medo. Se jogar na surpresa.

Hoje estou falando de beleza. Sim, beleza. Não aquela que buscamos nos salões de cabelereiro, dieta, escova progressiva, bronzeamento e outras ditaduras estéticas etc e tal.

Beleza de alegria, de acorde musical que ninguém jamais conseguirá escrever, beleza que tem perfume de dia amanhecendo (ou de noite chegando). Beleza com cheiro de terra quando começa a chover, beleza daquela que a alma sai e vai visitar a alma do outro por alguns instantes. Beleza que não existe nas revistas, nas passarelas, nas fotos.

E há tanta dela em cada momento que desejo profundamente jamais perder a percepção desses momentos. Por vezes essa percepção é tão forte que não dá para descrever. Tentarei assim mesmo (preciso) dividir com vocês:

É algo como o sorriso da criança diante do sorvete; o olhar de mãe; as mãos enlaçadas dos namorados no metrô; o olhar “eu estou em outro mundo” do músico; ou o olhar doce e rápido tipo “estou entendendo perfeitamente e estou aqui” dos amigos; o som da buzina do homem que vende pão-doce na rua (sim, eles ainda existem) e trazem toda uma infância (no que ela teve de bom) em segundos; a pressa do bem-te-vi de olhos pintados na janela; a risada no abanar de rabo do cão; as mãos que prepararam o arranjo de flores; as mãos sujas de terra ou de graxa dizendo que o dia foi bacana; a “luta” seguida de muitas risadas sobre o tatame; um chaveiro que circula pela sala em dia de vitória; um barbante amarrado num clip para lembrar que a paciência é uma virtude e que há um momento para tomar decisões e agir; um jardim, qualquer jardim, meu deus, quanta beleza. E há, sobretudo, o tiquetaquear do coração de quem amamos que pode ser ouvido ao encostarmos no seu peito.

Há ainda a beleza da nobreza de espírito, da bondade, da compaixão. E há a beleza furiosa, aquela que vai à luta, esperneia, chora e segue adiante. Beleza vista, sentida ou imaginada, cada uma do seu jeito, cada uma nos olhos, mente, espírito, coração, pele de cada um. A beleza da diversidade, a beleza da sintonia, a beleza que é só paz e silêncio.

Toc toc toc..... plec... plec... A beleza dessa noite no barulho do teclado que liberta, divide, acalma.

Belo, mesmo, é olhar pra esse mundão tão cheio de feiúra (desonestidade, soberba, corrupção, intransigência, ódio, desamparo, padrões únicos sobre o que é beleza...) e poder acreditar que há gente bonita (que não sai nas revistas de moda, ainda bem), e que é gente bonita porque foge dos padrões sobre “o que deve ser belo porque é assim e tem que servir para todos”. Gente de verdade. Assim como um jardim, qualquer jardim.

Belo, mesmo, é o abraço mergulho, de olhos fechados. Sem medo. Momento no qual se faz a canção que jamais será composta em nenhum lugar (deste mundo).

Desejo esta beleza a todos vocês.

Por que ela é necessária para a sobrevivência psíquica, sanidade, conforto interior. Necessária para continuarmos humanos. Necessária para nossa intervenção humana. Necessária para o olhar continuar vendo, as mãos continuarem sentindo, o som chegar numa inspiração e o perfume sem grife nos embalar, nos fazer dormir, em paz. Sem medo.



*Nancy Nuyen é jornalista, professora, roqueira, anarquista, inadequada e livre. Um dos nossos orgulhos e uma das melhores leituras contemporâneas. Indiscutivel e logicamente, prata da casa do I.N.T.E.R.V.3.N.Ç.Ã.O.  H.U.M.4.N.A. ás  6.as-feiras*



























quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Há limites para tudo - C.0.L.U.N.4. H.U.M.4.N.A.- Por: Michel Siekierski




Há limites para tudo!




Há algumas semanas escrevi sobre os inúmeros aspectos positivos acerca daqueles de nós que se permitem mudar, seja de opinião ou de atitude, e procurei mostrar o quanto este processo é importante, tanto para o nosso desenvolvimento pessoal, quanto para o daqueles que nos cercam. A mudança, nada mais é, do que um efeito colateral natural do processo de aprendizagem e evolução, sendo, não apenas positiva, mas também necessária.



Entretanto, houve algo que não mencionei sobre as mudanças naquele texto: seus limites. É importante ressaltar que nem todas as mudanças são benéficas e que, assim como absolutamente tudo em nossas vidas, a arte de mudar exige muito equilíbrio, ponderação e bom-senso.



O ritmo frenético com que o nosso mundo está se transformando, tem nos obrigado tanto a ser cada vez mais flexíveis e adaptáveis, que algumas pessoas simplesmente acionam o “piloto automático” e se tornam verdadeiros camaleões, tendo, como critério único, as exigências das situações. Mudam sem sequer notarem, até chegarem ao ponto em que ninguém, nem mesmo eles próprios, saberão definir suas verdadeiras qualidades e valores.



Em suma, até mesmo as mudanças têm limites. E quais seriam estes?



Certa vez, tive uma professora que me recomendou adotar uma prática, assim como fazem muitas empresas (porém, raríssimas pessoas), que é a definição expressa de sua missão (a razão de sua existência), sua visão (onde e como quer estar em dez anos) e seus valores (diretrizes e regras a serem seguidas e respeitadas durante sua existência).



Pensei muito sobre as razões para uma empresa investir tempo e recursos nisso e concluí que, certamente, um dos principais motivos que às levam a esclarecer estas premissas é justamente o estabelecimento de limites às mudanças. É impedir que a empresa mude e se adapte a ponto de perder sua identidade, sua razão de ser.



Portanto, essa é a resposta da pergunta acima: os limites para as mudanças são nossos valores, nossos princípios. Podemos mudar sempre, desde que os mesmos sejam respeitados.



Mas e quanto aos princípios e valores? Estes não devem mudar nunca? É evidente que sim! Porém não da mesma forma e nem na mesma velocidade.



Pegue o exemplo do nosso ordenamento jurídico: nele, há uma Constituição Federal que, entre outras coisas, determina quais são os princípios e valores do nosso país e, hierarquicamente abaixo dela, encontram-se todas as demais leis e normas que, como requisito mínimo, devem respeitá-la.



As leis, por necessitarem regrar todas as relações de uma sociedade em constante mudança, podem ser criadas, alteradas, extintas e, até mesmo, consideradas obsoletas por alguns juizes, com certa facilidade. Mas a Constituição, não! Por tratar de valores e princípios, o procedimento para sua alteração é muito mais complexo e deve preencher uma serie de exigentes requisitos. Além disso, ela possui um instancia (Supremo Tribunal Federal) encarregada única e exclusivamente de preservá-la, restringindo imensamente as margens de interpretação. Valores e princípios devem ser preservados.



Logo, existe a possibilidade de mudança, porém entende-se que a mesma deve ser muito bem pensada e analisada, afinal, uma alteração de valores feita de uma hora para outra, seja ela de um país, de uma empresa ou de um ser humano, além de ser extremamente superficial, não gera credibilidade frente aqueles que nos cercam.



“Para os problemas de estilo, nada com a corrente; para os problemas de princípios, sê firme como um rochedo” - Thomas Jefferson



Valeu, galera! Até a próxima quinta!



*Michel Siekierski é uma pessoa com princípios e valores arraigados, amante dos pequenos prazeres da vida, que não tem medo de expor suas opiniões e nem de mudá-las, viciado em pensar, questionar e refletir, apaixonado pelo ser humano e colaborador do I.N.T.E.R.V.E.N.Ç.Ã.O H.U.M.A.N.A às quintas-feiras.*


terça-feira, 16 de novembro de 2010

Escravos de nós mesmos - Café Comportamental - Por: Julia Chaim



Escravos de nós mesmos






Uma das maiores buscas humanas é a liberdade. Nos orgulhamos de desfrutá-la. Ser livre, ser leve e solto. Este é nosso alvo.

E muitos conquistam esse estado. Podem ir e vir, exercem esse direito e até esquecem como era viver sem a tal liberdade que tanto sonharam outrora. A liberdade é um lugar e, ironicamente, muitos acreditam que este lugar é externo, é o fim de uma caminhada, é o resultado de todos os combates vencidos. Pode ser também...

O sonho de liberdade muitas vezes se torna inatingível por causa de nossas próprias questões internas, nossas crenças, nossos valores ultrapassados... De coisas que insistimos em acreditar mesmo sabendo que já mudaram e se transformaram.

Vivemos tantas coisas e absorvemos tantas informações que acabamos por nos basear nessas experiências para dar os próximos passos. Temos consciência que aquilo é falido, mas algo nos prende ali, naquele estado, nos impedindo de experimentar a liberdade de novas conquistas e novos ideais.

É o tal conforto que sentimos no que já é conhecido, a acomodação... É melhor ficar aqui onde já se sabe o que esperar do que tentar se jogar no desconhecido, no que vai mudar nossas crenças e esfregar na nossa cara o quão ultrapassado estão nossos valores.

Temos a liberdade e somos escravos de nós mesmos. Alimentamos nossos medos para continuarmos sentados na poltrona velha que já tem o formato de nossos corpos. O que eu não sei, não preciso saber. O que eu não sei só vai bagunçar minhas estruturas e me obrigar a enxergar o óbvio.

Nossas maiores e mais fortes correntes ninguém vê.



Júlia Chaim



*Julia Chaim é menina de sorriso largo e está parecendo um camarão. Contribui ÁS 3.as para o I.N.T.E.R.V.3.N.Ç.Ã.O.  H.U.M.4.N.A.* 




sábado, 13 de novembro de 2010

COLUNA I.M.L. - (INDICAÇÃO MUSICAL/MÍDIA DO LEITOR) - Por: Marcão Magraner

I.M.L.


Por Marcos Magraner...

Eu Tô Falando de Conteúdo, Não de Embalagem........

Sabado, família na sala, rola papo...T.V. ligada pra quê? Pra ver duas meninas de biquini, num cercado tentando pegar galinhas....meu Deus, o apresentador ainda fala: "reparem na técnica que ela tem para apanhar o galinácio", pobre animal ser usado pra mostrar uma bunda na tela.

Domingo. Eleição. Não vou declarar meu voto por que não votei em ninguém...Mas a T.V. está mostrando bundas. Entro na Net. Dilma ganhou, não acho legal, não gosto dela, sou chamado de machista. Não entenderam que a questão é Politica e não Sexista.

Começa a semana, assunto do jornal: atriz global só posa nua por $1.000.000,00, ou seja, estamos falando de bundas.

Feriadão, vamos no Cinema... ebaaaa. Trailer de ação mas também não deixem de ver as bundas no shopping. Passa a semana, coluna do titio Gruballs, ele não aguenta mais o país das Bundas. Vou tomar um café... olho a capa de uma revista, tem uma menina levantando a saia e mostrando o quê? A bunda "made by photoshop".

Aonde estão as mulheres de verdade? Olho para o lado e me acalmo:

Ela está na minha frente sorrindo.Ufa!!!!

Ligo o computador, procurando trilhas sonoras de cinema pra postar aqui. Sou surpreendido por uma invasão de ninfetas de shortinho cantando: "É minha......,é

minha....... eu dou pra quem eu quizer". Surtei.

E como o assunto aqui é dica musical, e nós adoramos mulheres com conteúdo, atitude, que têm algo a dizer, vamos então ouvir algumas delas.

Porque, no final das contas, sabemos bem a diferença entre uma mulher de verdade e um produto de consumo. Pois é, nós amamos mulheres e vocês, meninas, recebam nossa adimiração por serem mulheres de verdade!

E isso aí, só musica boa cantada por mulheres,o que prova que felizmente não somos a pátriado Bundalele, apenas. Deus salve as mulheres de atitude e coragem.

Chiquinha Gonzaga na voz de Maria Bethania
Lua Branca - http://www.youtube.com/watch?v=3iaXBasv9yw

Inezita Barroso :
Colcha de retalhos - http://www.youtube.com/watch?v=cXhtUgYKRvI

Dolores Duran:
A noite do meu Bem - http://www.youtube.com/watch?v=4MrKlLENG3M

Maysa Matarazzo:
Ouça - http://www.youtube.com/watch?v=ytNpEHoq7Pk

Dalva de Oliveira :
Ave Maria do Morro - http://www.youtube.com/watch?v=NS8Yl8HMStA

Gal Costa:
Força estranha - http://www.youtube.com/watch?v=HpHGCULftDI

Rita Lee:
Orra Meu - http://www.youtube.com/watch?v=j9qG9w_5gs0

Cássia Eller:
Todo o amor que houver nesta vida - http://www.youtube.com/watch?v=xQV6XVOB7hw&feature=fvw

Angela Rorô:
Só nos resta viver - http://www.youtube.com/watch?v=LUdme0sYeiM

As Mercenárias:
A Santa Igreja - http://www.youtube.com/watch?v=AIMK8KQfo-I&feature=fvw

Volkana:
Wolle Lotta Love - http://www.youtube.com/watch?v=qsVe2U5dAuo&feature=related

Sandra de Sá:
Olhos coloridos - http://www.youtube.com/watch?v=OQ3yhCVZqec

Elza Soares:
A carne - http://www.youtube.com/watch?v=oKeg7XPxLU4

Ana Carolina e Maria Gadú:
Mais que a mim - http://www.youtube.com/watch?v=WL_jyttbnCA&feature=fvst

Adriana Calcanhoto:
Vambora - http://www.youtube.com/watch?v=OWsEXAr60WI&ob=av2n

Pitty.
Mascara - http://www.youtube.com/watch?v=W4-G-itMgjI

Fernanda Takay:
Luz Negra - http://www.youtube.com/watch?v=rxpZ2XYpXq8

Clara Nunes:
Guerreira - http://www.youtube.com/watch?v=9zgICK9lV3w

Elis Regina:
Fascinação - http://www.youtube.com/watch?v=6UtVmXtitzU



E ai? Entenderam?

Mulheres com coragem ,atitude,belissimas canções........Mulheres que amamos
O Critério pra escolha da dica musical foi um só: Nenhum........

Essa não era brasileira, porém, vale a pena escutar...........

OH SE VALE.......:QUE MULHER.....

http://www.youtube.com/watch?v=rKgcKYTStMc




*Marcos Magraner é músico, leitor assíduo, roqueiro, estudou pouco e fugiu da escola quando ouviu titia Alice Cooper gritar: "Schools out"*




sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Tentando falar com os anjos - COLUNA NA CONTRAMÃO - Por Nan Nuyen



Tentando falar com os anjos


por Nancy Nuyen*



Tem dia que o bicho pega. Nenhuma pergunta ou resposta parecem suficientes para acalmar a vontade de estar num lugar melhor, no que eu tenho prá mim como o melhor lugar do mundo. E nem adianta contar historinha...

Respire, inspire. Não dá para ver tanto. O Ministério da Saúde deveria advertir: Enxergar demais faz mal para a saúde. É muita coisa, muitos registros, flashs, flashbacks, filmes, músicas, lugares, cenas, rostos, cidades, olhos, mãos, aromas.

E tudo leva a um enorme liquidificador em velocidade máxima. Respire. Hélices prestes a detonar sonhos caros, metas, almas, te transformarem em bagaço.

Pois é... Matar um leão por dia e - feliz ou infelizmente - ver que o dia poderia passar muito bem sem leão morto. Ficar amiga do leão. Virar leão. Mas não deixam.

Geração Medo: estudar, trabalhar, pagar,sorrir, comprar, comer, ter a aceitação social, apertar o replay. O que foge disso traz um monstro que devora pessoas e você será devorado e excomungado da igreja global neoliberal.

Tem uma sensibilidade que faz mal, que deveria ser vetada pelos anjos, aquela do cheiro que lembra o que precisa ficar esquecido e enterrado, e que volta em forma de pesadelo recorrente ou lembrança surpresa, vez ou outra, e mexe aqui dentro, e eu queria apagar. Apagar, extirpar, me vingar e tudo de ruim que vc quiser colocar nesta sequência que comecei. Querer voltar o filme para encarnar um Jet Lee rápido, ou um Steven Seagall da vida...

Tem dia que é noite, fica difícil conviver com o que foi e às vezes volta num maldito perfume barato, numa cena ou num flash qualquer, assim, do nada mesmo. Volta na noite/tarde de tempestade quando estou bem acordada.

Terapia, já fiz. Preciso retomar, porém, a cadeia alimentar "estudar, trabalhar, pagar,sorrir, comprar, comer, ter a aceitação social, apertar o replay" tem me dado pouco tempo prá cuidar de mim. Remédio já tomei, resolve por uns tempos. Artes Marciais é muito bom, mas a cadeia alimentar etc e tal... repete.

Ontem comi três caixas de bala de menta enquanto dirigia. Hoje foi um sorvete e um chocolate depois do almoço, mais tarde vai ter mais. Ameniza... me ensinaram. E eu escuto, choro, mas faço o que me ensinaram com amor.

Tem dia que a resposta para uma questão "simplesinha" ou simplória - Aonde estava Deus naquele dia? - fica esquecida. Ele respondeu, eu até compreendi, mas tem dia que eu não consigo escutar a resposta que compreendi. Respire. Gosto Dele, sinto Seu cuidado, mas por vezes vem uma revolta master visceral. E daí é usar essa revolta para ser alguém melhor. Venho tentanto isso, all days.

Não quero matar um leão por dia. Preciso fazer as pazes com o leão ou ficar amiga dele ou simplesmente ignorar o leão. Ou ser um. Preciso fazer as pazes comigo em alguns assuntos ainda. Preciso é matar essa coisa guardada que joga-se fora e de vez em quando vejo que ela volta e olha para mim.

Enquanto isso, me deixem sonhar que estou no melhor lugar do mundo. "Haja como se fosse", vocês me ensinaram. E eu acredito em vocês.

Força, hoje eu preciso emprestada. E sei que terei. Respira. Alívio.



*Nancy Nuyen é jornalista, professora, roqueira, anarquista, inadequada e livre.



quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Racismo - C.0.L.U.N.4. H.U.M.4.N.A. - Por: Michel Siekierski




Nós, cidadãos do glorioso Estado de São Paulo, insatisfeitos com a política interna e com o processo eleitoral do país, desejamos o que segue:


A constituição de uma Grande República de São Paulo, que reúna todos os paulistas, baseados no direito dos povos a disporem de si mesmos

Só os paulistas gozam de direitos cívicos. Para ser paulista, é necessário ser de sangue paulista. A confissão religiosa pouco importa. Nenhum nordestino, porém, pode ser cidadão paulista.

Os não paulistas só podem viver em São Paulo como hóspedes, e terão de submeter-se à legislação sobre os estrangeiros.

O direito de fixar a orientação e as leis do Estado é reservado unicamente aos paulistas. Por isso pedimos que todas as funções públicas, seja qual for a sua natureza, não possam ser exercidas senão por paulistas.

Pedimos que o Estado se comprometa a proporcionar meios de vida a todos os paulistas. Se o país não puder alimentar toda a população, os não paulistas devem ser expulsos do mesmo.

É necessário impedir novas imigrações de não paulistas. Pedimos que todos os não paulistas estabelecidos em São Paulo depois de 1 de janeiro de 2000, sejam imediatamente obrigados a deixar o Estado.

A supressão do rendimento dos ociosos e dos que levam uma vida fácil (bolsa-família), a supressão da escravidão do juro.

CALMA, GENTE! A intenção era deixar todos chocados mesmo! Eu explico!

Como alguns de vocês já devem ter notado através de meu sobrenome, sou descendente de europeus e, mais precisamente, de europeus que lograram, de forma heróica, sobreviver aos horrores do regime nazista.

Sendo assim, apesar de não haver votado na candidata eleita à presidência da República, não pude deixar de ficar chocado com a grande onda de racismo e xenofobia que tomou conta da internet nos últimos dias.

São milhares de pessoas do Sul e Sudeste do país, que pregam verdadeiros absurdos e barbaridades contra os povos do Norte e Nordeste. Começam com argumentos sócio-econômicos, tentando provar o improvável (que há uma explicação lógica e coerente para o preconceito) e, logo, talvez pela completa falta de argumentos, passam a mentir, ofender e, até mesmo, pregar a violência contra estas pessoas.

Esta semana li um comentário de um dos amigos de nosso blog, lembrando de como a humanidade é cíclica e de como a história se repete. Pode parecer exagero de minha parte, mas encontro inúmeras semelhanças entre as demandas e argumentos destes “pseudo-intelectuais” e as do partido nazista, no momento de sua criação.

Logo, resolvi fazer um pequeno exercício, para provar meu ponto de vista: os itens escritos acima foram copiados do “Programa do Partido Nacional Socialista Alemão dos Trabalhadores (Partido Nazista)”, escrito em 1920. Apenas me dei ao trabalho de substituir os termos que se referiam à Alemanha e ao povo alemão, por termos que se referem à São Paulo e aos paulistas, modifiquei as datas, para dar verossimilhança, além de substituir, também, o termo “judeu” por “nordestino”. Ficou mais claro onde eu queria chegar?

E a pergunta que não sai da minha cabeça é: como podemos, depois de testemunhar todas as atrocidades que o preconceito trouxe ao mundo, persistir, novamente, no mesmo equivoco?

Vieram-me à cabeça duas razões: a primeira é a provável falta de conhecimentos sobre a historia da humanidade que esse pessoal tem e, por isso, não tiraram nenhuma lição do passado; já a segunda diz respeito ao ato de tentar trazer complexidade e margem de interpretação para valores simples e objetivos.

No primeiro caso, não posso fazer muito além de propor-me a ensinar um pouco de historia à estas pessoas ou recomendar um bom professor. Já referente ao segundo caso, posso dizer o seguinte: O PRECONCEITO É ERRADO. Pronto! Simples assim! Não há observações adicionais, justificativas, argumentações, notas de rodapé e nem exceções. É sempre errado, em qualquer circunstância!

É necessário combatermos em todas as frentes este tipo de ideologia, pois o nazismo, apesar de desprezível, jamais pode ser desprezado (como ameaça). Ele se aproxima sem que se perceba, atingindo, inicialmente, uma pequena parcela da população que, neste momento, é vista como louca, sendo, inclusive, motivo de chacota. Porém, por se tratar de uma doença extremamente contagiosa, o nazismo passa a contaminar as mais variadas parcelas de nossa sociedade, instalando-se como uma grande epidemia. E aí, meus amigos, o monstro já se tornou grande e poderoso demais para ser domado. Por isso, nunca o subestimem!

“Primeiro vieram atrás dos comunistas,
e não protestei, pois eu não era um comunista.

Depois vieram atrás dos sindicalistas,
e não protestei, pois eu não era um sindicalista.

Depois vieram atrás dos judeus,
e não protestei, pois eu não era um judeu.

Depois vieram atrás de mim,
e então já não havia sobrado mais ninguém para protestar.”

– Pastor Martin Niemöller (1892–1984), sobre a passividade dos intelectuais alemães frente à subida dos nazistas ao poder.


Valeu, galera! Até quinta-feira que vem!



*Michel Siekierski é uma pessoa com princípios e valores arraigados, amante dos pequenos prazeres da vida, que não tem medo de expor suas opiniões e nem de mudá-las, viciado em pensar, questionar e refletir, apaixonado pelo ser humano e colaborador do I.N.T.E.R.V.E.N.Ç.Ã.O H.U.M.A.N.A às quintas-feiras. Twitter: @michelsiek*

Obs.: Foto vem depois. Blogger não está ajudando.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

...que ainda há tempo - V.I.D.A. - Versos Intimos De Auforria / Por: T.U.R.Ô.|T.H.U.I.



Ando motivado.

E não é pelos negócios á todo vapor, chegado.
Chega uma hora em que não adianta tentar aprisionar o que não nasceu p'ra ser encarceirado. Vira fardo.

Os porcos de farda me pararam hoje:
- ''Mão pra cima... e tá avisado!''


Ri.
Olhei com cara de desdém e soltei um:
-'' Pois não? ''

Tenho cara de bom moço, tio.
- SOU bom moço. Além dos campos de visão.
Rei, PHD e CEO da criação. Criança em ação. Mas passei da fase super-herói, saca?
Saí daquele movimento de não saber o que acontece, e por não saber não pensa, e aí sim ataca.

Parei de andar com semblante rígido. Pés e mãos á mil. Pensamento afoito.
Cheguei hoje tiozin,' onde nem eu esperava: há 3 meses passei pros 28.

Astro do rap? Não. Não astro; mas espero que tenham acesso ao que eu falo. Que eu consiga ser ouvido.
Super campeão mundial ? Não.
Super visão além do alcance? Ás vezes.

Quando Deus e Eu me permito. Uso as maiúsculas no ritmo, já que Deus e Eu habitamos um no outro e ás vezes também fugimos.Fingimos... não ver. Maldito colírio.
Por mãos atadas é melhor só observar, não interceder. Uma espécie de respeito e abrigo p'ro livre-arbítrio.

O canal é sempre deixar acontecer.

Sabe quando menos é mais?
Sabe quando se solta algo, justamente por não aguentar mais?

A cabeça quer, o músculo vacila.
Tô indo devagar. Esperando me chamarem, chegar minha vez na fila.
Vejo vários cansados, querendo esticar pseudo-legados pedirem pro treinador: por favor, me tira!
Aê irmão: Tá cansado mesmo?!
Não se apavora. Toca a bola pra mim e respira.

Não tenho pressa que nada aconteça.
Só tenho foco e disciplina, pra estar preparado. Pra que a cabeça não esqueça e a centelha não esmoreça. Alimento com toneladas de fé e amor, p'ra que só cresça.

Não me vendo.
Nem vendendo (que é meu trampo!), me vendo.
Não me vendo p'ra tudo que eu vejo e tranquilamente fingem não estar acontecendo.

Sigo calado entre os muros grafitados e a calada da noite.
Sigo andando com a cabeça erguida...orgulho mesmo, já se foi o tempo do açoite.

Quem veio da onde eu vim, faz mesmo questão de mostrar o que ganhou.
E não é pra esfregar na cara (por mais que uns mereçam isso).
É a última prova, p'ros próprios olhos, que aquilo tudo passou.

Raça é o que determina a estadia.

E não a raça padronizada pelos homens. A raça da gana. De se entregar de corpo e alma. De não se entregar de corpo e alma. Nada á ver com humana. A raça que não é raiva. A raça que é calma. A raça que é tão desconhecida, que uns até a chamam de profana.


Sigo com esmero e entrega, enquanto espero o pacote que não chega. Se marcar o coiote leva .
Enquanto não há fim, estamos no começo.
E o começo tem cheiro de sangue á vera - ainda que lento.

E em todo começo se subentende uma única coisa: que ainda há tempo.



*T.U.R.Ô.|T.H.U.I. é um pseudônimo. Apelido. Resumo. Mas sou eu também.
Para mais, acesse http://acidjackal.blogspot.com/*

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Todos os lados da dor - Café Comportamental - Por: Julia Chaim



Todos os lados da dor




Fisicamente e mentalmente falando, qual o melhor lugar para colocarmos as nossas dores? As dores ligadas às decepções, às incompreensões, aos tapas na cara (literais e metafóricos), ao que é absurdo e surpreendentemente negativo... Onde deve ficar o que aprendemos com tudo isso? Até que ponto devemos nos basear no nosso passado para saber como agir no futuro?

Algumas pessoas tem ciência do quão ruim uma outra pessoa pode ser. Outras sabem a maravilha que o próximo pode proporcionar. E isso não quer dizer que os outros ditam como devemos ser, isso mostra que todos nós temos a capacidade de praticar qualquer tipo de ação e fazer parte de qualquer lado da história.

O fato de sabermos o que esperar das pessoas deve influenciar todo o nosso ponto de vista? Deve mudar nossas escolhas e nos fazer percorrer por outros caminhos?

O mal que me foi feito tem o direito de mudar toda a minha vida? O bem que me foi causado pode me fazer acreditar que sempre haverá flores no meu jardim?

Enfim, as dores e seus aprendizados devem ficar lado a lado, agarrados ou não? Devem ser independentes e transformadores?

Hoje eu faço perguntas e necessito de respostas. Hoje não sei bem para onde seguir. Hoje eu quero que as minhas dores sejam imperceptíveis e meus aprendizados sejam menos determinantes.

Hoje eu quero. Amanhã já não sei mais.



Júlia Chaim


*Júlia é da roça, sorriso largo, cabelão. Pensa e come chocolate. Quando sorri, faz qualquer pessoa ao seu lado passar vergonha, de tão alto. Tbm escreve pro I.N.T.E.R.V.3.N.Ç.Ã.O.  H.U.M.4.N.A. ás 3.as-feiras.*

Disposição da alma. COLUNA NA CONTRAMÃO - Por: Nancy Nuyen.



Disposição da alma


"Bebida é água, comida é pasto. Você tem sede de quê? Você tem fome de quê?" (Titãs)

por Nancy Nuyen*



Li recentemente, numa dessas redes sociais, o post de um amigo (mais que brother), falando sobre a impossibilidade de ajudar alguém. Fiquei muito pensativa.

Sou professora e, como já postei por aqui anteriormente, acredito que meu trabalho é compartilhar minha experiência profissional e de vida, meus estudos e meu jeito de ler o mundo com pessoas que estão no propósito de seguir a carreira profissional que segui.

Pois bem. O que percebo desde que comecei a trabalhar com isso é que, para ocorrer um avanço ou uma mudança (o que chamam de aprendizado, não gosto muito desta palavra) no sentido de termos mais que profissionais bem preparados, pessoas melhores (incluindo eu mesma aí) é a contrapartida.

Explicando: não há como obrigar quem não queira a estudar, a se interessar, a compartilhar, a dividir, a avançar. É preciso que a pessoa queira e, mais que isso, tenha a honesta disposição de colaborar, se comprometer (espontaneamente) e dividir - aqui falo de generosidade. Não a generosidade de dividir coisas, dinheiro, mas a generosidade da alma, a disposição de olhar com empatia e de coração aberto.

E sob meu ponto de vista, isso serve para tudo nesta vida. Recentemente recebi um ataque bem maldoso de alguém que eu tinha como pessoa generosa, alguém com quem pensava poder contar para as horas difíceis. E aqui falo de crueldade. Sim, podemos e constantemente ficamos raivosos, furiosos, revoltados, o que não nos dá o direito de sermos cruéis, na minha visão. Há uma distãncia enorme entre "falar o que se pensa" e ser cruel.

Não foi a primeira vez que isso aconteceu, mas continuo - e continuarei - apostando num mundo mais humano até que me provem o contrário. Afinal, termina sempre entre eu e Deus (nunca foi entre eu e o outro), quando o que está na roda são princípios, valores, ética, bondade, coragem.

Pois bem, esse alguém veio me pedir ajuda há quase dois anos. Dei o meu melhor, imperfeito, sou humana e falível, mas foi o meu melhor. Algumas vezes fui buscar o que eu nem tinha para oferecer. Pedia forças para ouvir com calma, apontar para caminhos que já trilhei e que se mostraram bacanas.... Mas não deu certo.

Não havia honestidade, uma contrapartida limpa, cristalina, verdadeira. Nunca houve, só na minha cabeça e no meu coração. E a "generosidade" - que desobri depois, tinha aspas - acabou por telefone, num momento que eu precisava de um ombro.

A lição ficou. Aprendi que um pouco de desconfiança (infelizmente, para o meu gosto), ou melhor, prudência faz bem. Talvez eu tivesse que ter sido mais atenta, não sei... aprendi que começar processos de qualquer ordem com desconfiança me faz muito mal e me engessa. Mas é preciso prudência.

Paciência, não vou mudar de uma hora para outra, mas a vida vai ensinando, poderia ter ficado mais atenta, agora já foi, ia doer menos, mas não tem problema, uma dorzinha vez ou outra me lembra que preciso cuidar da vida, do meu amor, dos bons amigos e de mim mesma. Cuidar de gente cristalina, que chegue sem mentira, de cara lavada e coração escancarado ( #prontofalei). Gente com vontade e propósito no que quer. Principalmente com propósito e honestidade sobre o que não quer. Isso é para poucos. São aqueles que, na atualidade mundial e histórica e social etc e tal são chamados de trouxas, bobos, ingênuos, crédulos.

A vida é assim, neste planetinha azul e no país onde uma griffe de roupa ou sapato fala mais alto do que um sorriso aberto na elaboração de perfis e competências. Deveria existir griffe para caráter, plaquinhas que orientassem: " Cuidado, é só blá blá blá..." .

Enquanto não existem essas plaquinhas automáticas, continuo confiando na vida, limpando os arranhões (alguns viram feridas, cicatrizam) e tocando em frente, "fazendo a correria" como dizem do outro lado da ponte, onde os códigos de conduta são mais respeitados.

O que motiva é perceber, durante as aulas, uns dois ou três, entre quarenta, que estão honestamente dispostos. Que fosse um só: já valeria o dia, o trabalho, a dedicação.

O mais louco é que eu tenho paz. E continuo sorrindo, coração e cara lavados. Inadequada. Livre.



* Nancy Nuyen é jornalista, professora, roqueira, anarquista, livre e inadequada.*

All Apologies

Super corrido.
Material acumulando. Vou literalmente descarregar aqui o que tenho já. Não que isso seja ruim.
Afinal, vamos ler a Nancy 2x aqui, a Julia 'Sorrisão' acho que mais 2 tbm.

Definitivamente preciso de ajuda.

Se alguém tiver sugestões ou meios de ajudar, sou todo silêncio.

Aguardo.


Beijos e abraços.



T.U.R.Ô.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Viemos pra ficar! - C.O.L.U.N.A. H.U.M.4.N.A. - Por: Michel Siekierski


Viemos pra ficar!


Esta semana gostaria de escrever acerca do tão famoso e comentado “jeitinho brasileiro”. Afinal de contas, de onde vem? O que é, exatamente? E por que é tão prejudicial?


Segundo o sociólogo Sergio Buarque de Holanda, em sua obra “Raízes do Brasil”, em nosso período colonial, talvez pelo clima ou por nossa terra “abençoada”, a idéia essencial dos portugueses sempre foi a exploração de nossas riquezas naturais (basta ler a carta de Pero Vaz de Caminha), ao contrário do que ocorreu em muitas outras colônias européias. Nenhum português vinha ao Brasil, por livre e espontânea vontade, para torná-lo seu novo lar, mas sim para enriquecer e retornar à Portugal.

Sendo assim, o Brasil foi construído e colonizado por pessoas que estavam aqui apenas de passagem, dando origem a este comportamento típico, digamos assim, do povo brasileiro que, até hoje, continua comportando-se como se estivesse aqui apenas de passagem, sem preocupar-se em respeitar regras e procedimentos, buscar soluções de longo prazo, preservar, planejar, enfim, sem qualquer tipo de carinho ou zelo.


Particularmente, não sei se foi assim que tudo começou, mas, sem dúvida, há tempos que tal comportamento existe e persiste em nossa sociedade, comprometendo e atrasando por completo o nosso desenvolvimento.


O “jeitinho brasileiro” nada mais é do que um hábito incessante de buscar por atalhos e caminhos alternativos. É a falta de análise e combate das verdadeiras causas das adversidades, adotando iniciativas inconseqüentes, que focam-se apenas em combater os sintomas a curto prazo. É o pensamento individualista que cria a necessidade do sentimento de “levar vantagem”.

E se já há um completo descaso na solução definitiva dos problemas, a prevenção torna-se quase uma utopia completa.

O maior problema deste tipo de comportamento é exatamente o seu sucesso em ocultar sintomas, o que acaba criando a ilusão de que a solução proposta trouxe resultados, sendo que, na realidade, foi tão eficaz quanto consumir aspirinas diariamente para combater um tumor no cérebro.

É assim: falamos de combate à violência, sem falar em educação; falamos em saúde, sem falar em saneamento básico; falamos em sonegação de impostos, sem falar em reforma tributária; falamos em desemprego, sem considerar uma reforma trabalhista, falamos em melhorar a vida dos aposentados, sem cogitar a reformulação do sistema previdenciário; combatemos as drogas, sem questionar os motivos pelos quais as pessoas as procuram; combatemos a pobreza com esmolas; a desigualdade racial com cotas em universidades, o desrespeito às leis de trânsito com multas...


Chega de imediatismos, de tapar o sol com a peneira, de remédios para nossas dores: é hora de retirar os tumores! Enfrentaremos cirurgias, dolorosas recuperações, tratamentos agressivos e até eventuais insucessos ao longo da jornada, mas, já que não estamos aqui apenas de passagem, lutaremos até o fim e não nos daremos por vencidos! Parafraseando Michael Moore: “Recusamo-nos a viver em um país como este! E nós não vamos embora!”.


“Para todo problema, sempre há uma solução simples, barata, elegante, rápida e ERRADA.” – Ediel Ribeiro, jornalista.

Valeu galera! Até quinta que vem!



*Michel Siekierski é uma pessoa com princípios e valores arraigados, amante dos pequenos prazeres da vida, que não tem medo de expor suas opiniões e nem de mudá-las, viciado em pensar, questionar e refletir, apaixonado pelo ser humano e colaborador do I.N.T.E.R.V.3.N.Ç.Ã.O H.U.M.4.N.A às quintas-feiras. Twitter: @michelsieki*


Grubals Psôa PÓS-ELEIÇÃO.



Aprendi muito nestas eleições:


1o. Quebrar a cabeça pra tentar descobrir quem é o menos pior...

2o. Sobre o Artigo acima do Código Eleitoral:

Como podem serem presos as pessoas mais importantes para votarem em ladrões e pilantras...
Afinal, ladrão vota em ladrão...

Como o cara vai assumir o mandato se ele está preso?
Vamos proteger os pilantras!!!

Como a maioria das leis deste país de valores invertidos, esta é só mais uma:
protege quem não presta e é safado e bota na bunda de quem trabalha e é cidadão honesto...

Moral Jurídica deste país bunda rebolation:
Vamos fuder o povo e cidadãos honestos e proteger a corja de vampiros!!!

Viva a Democracia onde é obrigatório o voto!!!


Viva o Gonzo do Muppet Show! somos nós, depois da música da roubalheira generalizada e palhaçada, tocamos a nota desafinada no final...

Isso é votar neste país!!!


*Grubals é gente nossa. Toda 4.a aqui no I.N.T.E.R.V.3.N.Ç.Ã.O.  H.U.M.4.N.A. *

domingo, 31 de outubro de 2010

COLUNA I.M.L.- Instrução Musical do Leitor - Por: Marcão Magraner



Amanhã é dia de festa!!! 

*Por Marcos Magraner



Vamos celebrar a oportunidade que nos foi dada de poder opinar. Isto mesmo, todos nós temos opiniões e ninguém tem o direito de impor que aceitemos verdades absolutas e dogmas pragmáticos. Existe a premissa de que o voto é um direito, pois é... Nós temos o direito de contestar e protestar contra tudo aquilo que é contrário as nossas convicções. Então a idéia é protestar.

Na música pop alguns artistas mostraram sua indignação com canções memoráveis: pois bem, aí vai um set list dos que foram contra os padrões e iniciaram um movimento cultural que não aceita os padrões. Para quem gosta de festa e acha que é importante demonstrar sua insatisfação contra tudo o que é obrigatório e imposto, aumente o volume e boa festa!!!!!!

1) Rolling Stones – Satisfaction – O primeiro grito de não conformismo pop

http://www.youtube.com/watch?v=qXcNQTa3zgs&feature=related

2) The Who – My Generation – Quatro caras dizendo: “Ei, prestem atenção em nós!”

http://www.youtube.com/watch?v=7xZOrWK6d4g





3) Beatles – Revolution – Para mudar o mundo, você precisa mudar primeiro.

http://www.youtube.com/watch?v=uKHgVN7Bjww&feature=fvst



4) Thes Doors – Break on through – Quem tem razão, cara pálida?

http://www.youtube.com/watch?v=CbiPDSxFgd8



5) Sex Pistols – God save the queen – Uma porrada no regime.

http://www.youtube.com/watch?v=MeP220xx7Bs



6) The Clash – London calling – O grito das ruas.

http://www.youtube.com/watch?v=QcPvHkXfqoc&ob=av2n



7) Bruce Springsteen – Born in to USA – A classe operária existe.

http://www.youtube.com/watch?v=lZD4ezDbbu4



Ficam de fora da lista muitas bandas/artistas, pois, o mote é de pessoas que protestaram e não apoiaram ideologias e nem fizeram campanhas em prol desta ou daquela opção político-partidária.



No Brasil:



8) Plebe Rude – Até quando esperar – Até quando?

http://www.youtube.com/watch?v=syL3QlD9S3M

9) Engenheiros do Hawai – Toda forma de poder – O poder Corrompe.

http://www.youtube.com/watch?v=MNu2JeJaLEI&feature=related



10) Rita Lee - Tudo vira bosta – Grand Finale!!!!

http://www.youtube.com/watch?v=VwuDWF0jt3I&feature=related


É isso aí, vamos nos divertir, protestar com bom humor ou com acidez, o importante é opinarmos e, se não concordarmos com algo, meter a boca!!!!!

 
 
*Marcão Magraner é nosso leitor assíduo, conhecedor de música, baixista e contribui para o I.N.T.E.R.V.3.N.Ç.Ã.O.  H.U.M.4.N.A. de tempos em tempos*

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Apresentação de Novo colaborador: Jorge Paiva



Com muito prazer, faço as honras da casa e venho apresentar um novo colaborador do nosso espaço, quase um 'bunker' fora da rede (por mais irônico que isso soe): Jorge Paiva.

Situação:

Chego á Academia Brasileira de Artes para o primeiro dia (depois de uma transferência de turma, graças á falta de compromisso da profa. anterior), e me deparo com um cara meio quieto, alto, esguio,sorriso tímido e voz mansa.
Pensei: quem será esse carinha ? Será que ele está acabando o curso já?
A resposta: meu novo professor.

Sempre solícito, focado, com idéias que transcendem o esteriótipo reservado e com certeza com muita coisa p'ra falar (nem sempre com palavras, óbvio).

Afim de diversificar a nossa proposta neste blog, Jorge nos trará imagens e desenhos, séries sensacionais (Já tive o prazer de ver a primeira e revelo: SENSACIONAL. Cheguei a comentar sobre a série: -Jorge, isso é o NOVO pequeno príncipe!), para aqueles que não estão afim de ler nada na sexta-feira (se bem que acho BEM difícil não quererem ler a Nancy, mas...).

A proposta não é competir ou segregar e sim juntar, somar todas as forças em prol de algo maior: intervenções de humanidade nesses seres-concreto-contemporâneos (dito humanos).

Bom, sem mais delongas, lhes apresento então: Jorge Paiva. Ou simplesmente Jorginho pros conhecidos. Bem...apelidos não são o ponto forte dele, mas se ele se sentir á vontade, comenta sobre isso mais pra frente.

Seja bem-vindo, professor.

Hellcome!




T.U.R.Ô.|T.H.U.I.


*T.U.R.Ô.|T.H.U.I. é pai, filho e espírito; santo já são outros 500... Gosta de artes em geral, mas está mais para arteiro que artista. É revolucionário, militante, disposto e rimador.Grafiteiro nas horas vagas. Segue evoluindo em busca de algo que valha á pena e é um dos que faz o I.N.T.E.R.V.3.N.Ç.Ã.O.  H.U.M.4.N.A. acontecer*

CORRENDO POR FORA - COLUNA NA CONTRAMÃO - Por: Nancy Nuyen



Correndo por fora...


por Nancy Nuyen*

Na rua, a escola. Nunca fiz parte da manada. Paguei - e pago - um preço por isso. O suficiente, suportável, nem mais, nem menos. Com dignidade.

Não teve viagem para a Disney. Não teve a roupa que eu escolhi. Não tive um quarto só meu, que as pessoas batessem pedindo licença para entrar. Roubei na feira ( a mãe fez devolver as bolachas e chocolates). Duas anemias até os 14 anos.

Andei de carrinho de madeira e rolemã (assim que se escreve?), bati, apanhei, quis estar nas festinhas das meninas bonitas que usavam minissaia e botas (até hoje gosto de usar isso, tipo "supletivo atrasado de fases da vida que não vivi e não me importo com o que pensam disso").

Estive nas festinhas da turma da rua de baixo. E curti. Quis ser bonita, quis ser inteligente, quis ter almoço com pai e mãe juntos, como vi, aos 8 anos na televisão que não era nossa. Porém, andei com amigas fadas imaginárias (será?) e tinha um mundo reservado delicioso.

Quis ter mais comida em casa e menos briga. Quis ver a mãe trabalhando menos, mais feliz e mais perto de mim. Quis ver o pai sem medo de ser preso. Quis ter o pai em casa. Mas eu era feliz brincando na rua, jogando "queimada" e caindo das bicicletas que não eram minhas.

Quis crescer logo, ganhar dinheiro achando que... enfim.

Na rua, a escola. Mais uma vez. Ditadura. Rock. Passeata. Gente legal, gente cruel, gente sem sal... ou seja: a vida. Faculdade paga com estágio. Violão, piano, dança, pintura... a arte que salva. O gosto pelas palavras, brincar com palavras, chorar e rir com palavras, acho que começou por aí.

Tentei, com todas as forças, construir uma família "normal" aos 21. Não deu. Descobri que a vida podia ser divertida mesmo assim. E até me diverti bastante, atrás do muro gelado/duro/cinza que construí dia após dia.

Pensei em morrer, pensei em largar tudo, queimar meus documentos e ir para um lugar onde ninguém me conhecesse e começar tudo de novo: novo nome, nova pessoa. As malas sempre prontas, as armas escondidas na bota. Morei sozinha, morei com tanta gente...

Chorei sozinha em banheiros imundos, de bares igualmente feios, chorei no ombro de gente não confiável e também no ombro de gente boa que não frequenta o high society. Xinguei Deus.

Tive banda, toquei, cantei. Fui dark, punk, gótica, hippie, pós- tudo (não necessariamente nesta ordem) e voltei a conversar com minhas amigas fadas. Expus meus quadros na feira de malucos. Dancei muito balé, até estourar o joelho direito.

Quis ser correspondente de guerra de um grande jornal. Não deu. Mas fiz muita coisa bacana em redações diferentes. Estudei matemática finaneira (sim, a menina que bateu na professora de matemática, no segundo ano primário) e fiz análise de mercado para um grande jornal. Fiz análise com terapêuta tb.

Cansei das redações. Fui estudar as redações e virei professora. Mas não se ensina nada nessa vida. Só a rua. Professora de mim mesma, compartilhando o que aprendo. Tenho uma necessidade quase que patológica de aprender, de encontrar sentido, de fazer perguntas novas.

A maior professora: a rua. A maior lição: Descobrir que um "sim" é a melhor resposta. E saber a hora correta de soletrar um santo "não"!

Percebi que um abraço cura qualquer dor de alma, um sorriso opera milagres. Silêncio faz bem. Gritar também. E quem não teve abraço na vida, precisa urgentemente aprender a abraçar.

Fiz as pazes com Deus (ou o com o que queiram chamar de). Fiz as pazes com meu cabelo cacheado, com minhas sardas e com esse meu jeito arisco, selvagem, estranho, arredio. Tirei as armas escondidas nas botas. Doeu. Foi a parte mais difícil. Vi que o sol nasce e a noite vem, chove e pára de chover, independentemente do que eu sinto. Tudo é muito mais e maior que meu umbigo.

Viajei pelo mundo e decobri que meu amor, meus amigos (que tb são família), minha família (não necessariamente a família consanguínea), flores, bichos, música e chocolate precisam estar sempre, no máximo, a poucas horas de distância.

Há alguma paz. E muita muita beleza. E muita força. E sobretudo há este espaço para falar e saber que as pessoas que aqui estão são os meus "brothers in arms".

Daí ouço no rádio que domingo tem que votar. Ai que preguiça.... Nunca fiz parte da manada, já disse.

A chamada "festa da cidadania" é tão pequena e medíocre perto da festa que é estar viva, olhando tudo -e mais um pouco - o que escrevi/viv aqui... Endendeu? Se não entendeu, também não tem problema. Está tudo certo. Eu é que precisava entender.



* Nancy Nuyen é jornalista, professora, roqueira, anarquista, livre e inadequada. Ainda contribui religiosamente (no melhor sentido da palavra - se é que existe) aqui no I.N.T.E.R.V.E.N.Ç.Ã.O.  H.U.M.4.N.A. ás 6.as feiras*







quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Dura lex, sed lex(?) - C.O.L.U.N.A. H.U.M.4.N.A. - Por: Michel Siekierski





Fala galera! Beleza? Bom, esta semana gostaria de compartilhar um questionamento que vem sondando minha mente nos últimos dias: todos sabem que nós, seres humanos, fomos projetados para viver em grupos e, assim sendo, foi necessário que todos abrissem mão de certos interesses pessoais em prol do interesse coletivo e, consequentemente, de uma convivência pacífica. É o chamado “Contrato Social”, de onde vêm as leis (quando me refiro às leis, entenda-se toda e qualquer norma jurídica).

Logo, as leis são, em suma, normas de convivência entre os seres humanos, sempre visando o melhor para a coletividade. Esta é a base de todos os povos que habitaram nosso planeta desde o início dos tempos.

Baseado neste conceito, somos bombardeados, de uma forma ou de outra, pelos mais variados meios educativos (pais, escolas, universidades, imprensa...) com a seguinte mensagem: RESPEITE A LEI. O respeito à lei é, inclusive, colocado como um pré-requisito mínimo para que uma conduta seja considerada ética. Será?

Ora, se está claro que o limite dos homens é a lei, não ficou nem um pouco claro quais são os limites da lei! E qual conduta deve ser adotada quando esta ultrapassá-los? O que fazer se a própria lei, por si só, for antiética?

Sei que, nesta hora, alguns devem estar pensando que as leis são elaboradas por membros do Poder Legislativo, através de representantes eleitos pela população, de forma democrática, bla, bla, bla, bla...

Em primeiro lugar, basta olhar o número de Medidas Provisórias assinadas pelo presidente nos últimos anos, as quais passam por cima, tanto de seus requisitos mínimos (urgência e relevância), quanto do Poder Legislativo, para observarmos que as coisas não funcionam exatamente desta forma. Em segundo lugar, democracia e ética também não são palavras sinônimas: basta lembrar que Hitler chegou ao poder de forma absolutamente democrática.

Vejam, em nenhum momento pretendo fomentar o desrespeito às leis e nem menosprezar a importância delas. Só quero dizer que as leis, assim como qualquer outra coisa, também merecem ser questionadas, afinal, elas foram feitas por homens que, além de serem passíveis de erros, podem não estar colocando os interesses da coletividade à frente dos seus.

Sabendo disso, pergunto: foi antiético o cidadão que vivia na Europa nazista, mas que se recusou a revelar o esconderijo de seus vizinhos judeus à Gestapo, conforme mandava a lei? É antiética a empresa que, no país com uma das maiores cargas tributárias do mundo, ao não receber as restituições de impostos devidas pelo Governo, decide passar a sonegar os mesmos? É antiético aquele cidadão que vive em um regime de ditadura e faz críticas ao governo de seu país? E o homem que foi condenado injustamente e foge da cadeia? É antiético também?

Relembremos, por um instante, alguns dos grandes criminosos da humanidade, cada um em sua época: Moisés, Jesus Cristo, Galileu Galilei, Gandhi, Nelson Mandela, Fernando Henrique Cardoso, Chico Buarque... Algum comentário se faz necessário?

Este raciocínio também funciona da forma inversa: é ético o réu que mente em juízo, mesmo que a lei lhe confira este direito? É ético o parlamentar que comete injúria, mesmo que a lei lhe confira imunidade contra este crime? É ético o publicitário que coordena campanhas de políticos publicamente conhecidos como corruptos, mesmo tendo amparo legal para isso? Será?

A ética é muito maior do que qualquer pessoa, norma jurídica, sistema de governo, religião e, até mesmo, do que a própria coletividade! Ser ético é fazer a coisa certa e, sim meus amigos, muitas vezes a coisa certa é contrariar leis e a própria coletividade (como foi o caso da Alemanha nazista).

Resumindo, as leis são extremamente importantes e devem ser respeitadas, mas elas não devem ser, jamais, a base de nosso convívio social. Tal papel cabe à ética: ela é quem deve reger todo o nosso sistema normativo, servindo de base para as leis!



“Uma coisa não é justa porque é lei, mas deve ser lei porque é justa.”

- Barão de Montesquieu



Por hoje é só, pessoal! Até quinta que vem!





*Michel Siekierski é uma pessoa com princípios e valores arraigados, amante dos pequenos prazeres da vida, que não tem medo de expor suas opiniões e nem de mudá-las, viciado em pensar, questionar e refletir, apaixonado pelo ser humano e colaborador do I.N.T.E.R.V.E.N.Ç.Ã.O H.U.M.A.N.A às quintas-feiras.*

Twitter: @michelsieki



Tio Grubals foi dar uma voltinha



Tio Grubals foi passear no bosque, enquanto o seu Lobo não vem.

Mas semana que vem, certeza que ele está por aí. E com o resultado da eleição, ou algo menos nojento. Afinal de contas, o que passa na cabeça do Mr. Grubals Psôa é imprevisível na maioria dos casos. Mas que vem algum ponto de vista fantástico, é fato.

Sentimos sua falta titio. Continue direcionando e despindo as ilusões brasilianas do país bunda-rebolation e a maioria acéfala.
Essa é umas das maiores intervenções possíveis.


Abraço.



T.U.R.Ô.
Exército de um homem só do I.N.T.E.R.V.3.N.Ç.Ã.O.  H.U.M.4.N.A.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

QUINTO ANDAR - COLUNA AVALIASOUND - Por: Gus Galuppo*



“O que é o Quinto Andar?


Deixe-me pensar bem

Que ai eu não minto ao explicar…”



PEGA ESSA:
http://www.blogger.com/goog_1075326092



Formado em 1999 (virada do milênio), o grupo carioca tinha o intuito de fazer um rap diferente do que era apresentado em São Paulo. Ironia, rima, métrica, flow e beats sensacionais. Quando me perguntam se um dia os beats nacionais chegarão perto dos beats lá de fora a resposta é a seguinte: “Se um dia vão chegar lá?? Cara, os princípios do rap são os mesmos mas a forma de apresentação é diferente.” E outra, irmãozinho, se você escuta rap por causa do beat desiste. Presta atenção na mensagem (não quero desmerecer a batida, longe disso).

Tudo começou na garagem. De Leve, Shawlin e DJ Castro eram os integrantes mais ativos da banda enquanto contavam com participações especialíssimas de Bruno Marcus e Kamau.

O grupo era totalmente contra o consumo exacerbado e contra o ritmo que a industria musical vinha levando (vinha?). Se você, que me lê agora, chegou a dar uma espiadinha no primeiro texto viu que eu começo com a seguinte frase “A industria precisa dos músicos, mas os músicos não precisam da industria”. Essa é uma frase usada no CD dos caras na musica “Melô do Piratão”.



SEGUE: http://www.youtube.com/watch?v=_Z11vhGtu3Y



Embora a galera do Quinto Andar tenha lançado apenas 1 CD (Piratão) as musicas são muito bem interpretadas e bem argumentadas a ponto de fazer um individuo mudar algumas atitudes perante a sociedade brasileira. Como sempre, o rap traz a verdade incontestável a tona.



RAP DO CALOTE: http://www.youtube.com/watch?v=y1nn7BqrusQ



E aí, vai dar o calote???

Quando comecei a escutar Quinto Andar estava decidindo o que faria de faculdade e adivinhem só? Demorei muito até optar por Publicidade e Propaganda por causa da musica “Melô da Propaganda”. Cara, de alguma maneira você ta no sistema. É hipocrisia dizer que não. Como já disse por aí, cada um com seu entendimento. Explicações a parte, é um som que eu curto muito, por que, claro, antes de saber no que vai trabalhar é preciso saber muitas verdades sobre este.



Caso a parte: conheci o T.U.R.Ô. na faculdade e lembro muito bem como ficávamos impressionados com os números exorbitantes que envolviam a publicidade.



Opa, Melo da Propaganda: http://www.youtube.com/watch?v=H7rsqhuj-Q0



Nessa session não teremos o já costumeiro Breve Histórico. Afinal a banda formada em 1999 e dissolvida em 2005 produziu apenas 1 CD, porém com musicas que iram perpetuar o mundo do rap nacional. Em 2002 a galera fez um vídeo clipe da musica “Eu Rimo na Direita + Som p/ Pista” junto ao diretor Apavoramento Sound System e o grande rapper Marechal. Sucesso absoluto. Mais tarde a faixa foi incluída ao CD solo do De Leve (Estilo Foda-se). No mesmo ano a banda concorre ao Prêmio Hutúz – o mais importante do rap brasileiro- na categoria Revelação, mas acabou perdendo para Sabotage. Em 2005 o grupo finalmente lança seu ilustre CD Piratão. Com os sucessos “Rap do Calote” e “Melô do Piratão”. Na verdade o CD inteiro, sem exceção, conta com DIAMANTES BRILHANTES. Vamos a eles:



Esse Planeta: http://www.youtube.com/watch?v=5HpJEFYFvMI



Melô do Vacilão: http://www.youtube.com/watch?v=qRVDHWLs72w



Contratempo: http://www.youtube.com/watch?v=xd8IcSbHOB0



Como disse, são muito boas. Quem ficar instigado com o som, vale a pena dar uma fuçada. Os caras tem bastante som que não entrou no CD. Aliás, apos algum tempo depois do termino do grupo alguns dos integrantes voltaram e fizeram um outro CD, dessa vez o último, porém com um nome diferente: SubSolo e o álbum intitulado “Ordem de Despejo”. Esse foi o marco final. A volta dos que não foram. Afinal, Shawlin, De Leve e DJ Castro mantiveram carreira solo (admirável por sinal) para finalizarem a parceria de maneira classuda e com a mesma postura. Essa foi a ordem de despejo e para não passar batido ai vai um som do SubSolo e uma das musicas do Quinto Andar que não entrou no CD.



SubSolo – Limpe seu Coração: http://www.youtube.com/watch?v=GcoU-ICwtGQ



Quinto Andar – A Lenda: http://www.youtube.com/watch?v=PTGHVvrplPs



Escutem mais rap! Vale a pena. MENSAGEM E BEAT.

Grande abraço





JOGOS HUMANOS - Café Comportamental - Por: Julia Chaim




Jogos Humanos




Jogamos o tempo todo. Jogamos com nós mesmos e principalmente com os outros. Jogamos de acordo com nossas necessidades e limitações.

Limites que todos possuem, particulares e privados. Alguns ainda não conscientes, mas que todos tem limites é fato. E o jogo é a arma que temos para não ultrapassarmos estes próprios limites, e também para que estes não se tornem públicos, visíveis e passíveis de julgamento.

São jogos automáticos, com regras flexíveis, de acordo com o momento e os participantes. Sair da tal “zona de conforto” é realmente difícil. Temos que nos proteger. Nos esconder, nos disfarçar... Quem é estúpido o suficiente para expor todas as suas fraquezas, vontades, desejos? Quem quer dar esta colher de chá para todos os outros? Quem vai ser o primeiro a ser transparente sem medo dos julgamentos e correr o risco de ficar sozinho observando todos os outros ainda se escondendo?

E quem quer brincar de “eu já me despi de tudo isso, não me importo com os outros...”?

Há quem chegue muito próximo disso, mas as defesas são naturais e achar que não utilizá-las é sinal de liberdade é uma impressão equivocada. Precisamos delas. Os jogos são práticas espontâneas, são maneiras sutis de trabalharmos nossas limitações, medos, angústias... São até formas de respeito para com o próximo.

Qual o problema em ser humano? Qual o problema no ser humano?

Cada um com seu tempo. Não há problema algum nas nossas proteções. Problema está em não se jogar limpo, em reconhecer as limitações alheias e utilizar as informações para conseguir algum tipo de vantagem. Afinal de contas, jogar com a vida dos outros não vale e é regra universal: Não pode!

Liberdade é fazer um jogo bonito. É saber enxergar cada lance. É admirar manobras. É aprender. Ensinar. Liberdade é ser e deixar os outros também ser. Liberdade é quando se chega junto.




*Júlia Chaim é jogadora titular, comentarista, zagueira marcadora homem-á-homem e barista de quebra. Atende por 'Juju pé-de-anjo' ou 'sorriso' e ainda escreve para o I.N.T.E.R.V.3.N.Ç.Ã.O.  H.U.M.4.N.A. ás 3.as-feiras*












segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Essa tontura de querer viver - COLUNA PULP FICTION - Por L´Pil



É esquisito, mas sempre orientei minha vida no sentido de não ter laços, de ser independente e de poder cair fora na hora que quisesse. Acordar com as mesmas vontades (de coisas e pessoas) por mais de 5 dias seguidos sempre me pareceu loucura distante, chatice. Enjôo fácil, me canso e desisto logo. Sempre tive amor escasso, chegava até a desejar sorte pros que tentavam, mas sabia que os encontraria cedo ou tarde no mesmo lugar de sempre: Lá, no fundo do poço.


Foi indo assim, alguns amigos tentavam me direcionar para mudanças, mas eu havia me esquecido de como conviver. Tentaram me fazer acreditar, mas a vida tava sempre desmentido tudo...

Ja eu, eu mentia pra cacete! Mentia pra não me ferirem e assim tinha mais tempo pra eu mesma me ferir, sem prestar atenção se estava ferindo mais alguém.

E ria, sempre que escutava algum fragmento de conversa no metrô ou na rua, ou quando sentava pra tomar café e escutar pessoas e suas esperanças apaixonadas, quase mijava nas calças, de rir da teimosia humana, por acreditar nessas coisas de querer bem, de respeitar e tudo. Até então o que mais me parecia lógico era a velha sequência de que: você conhece uma pessoa, daí você beija essa pessoa, lambe essa pessoa e depois o que mais? Somem um do outro como se nada tivesse acontecido. Tudo isso aí sempre teve muito fundamento, e acredito que não seja só no meu ponto de vista.

Mas a coisa é que de uns tempos pra cá eu tenho visto certa diferença nesse meu modo de enxergar, algo como se eu tivesse comprado uma flanela nova e desembaçado a lente da minha luneta velha. De uns tempos pra cá comecei a reparar numa certa ausência que me resseca as palmas das mãos de carícias não dadas, como se eu tivesse reservado todas para alguém.

Alguém que me deixa dias à mercê de visitas adiadas e encontros transferidos, que me da a sensação de estar entrando num lugar que não me pertence, mas ocupando o espaço que me é destinado. Tudo bem, com a condição de que esse alguém aceite tanto meus sonhos demorados quanto minhas insônias insuportáveis. Que venha a mim sem meios-termos, mais ou menos ou qualquer coisa. Preciso da brancura dos dentes, alguns abraços, a presença suave, conversas que me façam sorrir e algum nível de embriaguez.


Sabe, a gente ta sempre precisando de alguém assim, pra rir de si mesmo quando chegar ou quem sabe sair; do fundo do poço.
 
 
 
*L´Pil é publicitária, corridíssima e pede desculpas pelos últimos tempos. Tem comprometimento e respeito, e SEMPRE merece estar conosco. E ainda contribui pro I.N.T.E.R.V.3.N.Ç.Ã.O.  H.U.M.4.N.A. ás segundas-feiras*

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

A melhor filosofia é prestar atenção. COLUNA: NA CONTRAMÃO - Por: Nancy Nuyen



A melhor filosofia é prestar atenção



*por Nancy Nuyen


“As luzes da cidade, não chegam às estrelas, sem antes me buscar” (Rita Lee).


Hoje eu quero falar de doçura, graça, beleza, delicadeza. Sim, eu sei, totalmente fora de moda.

Mas quem disse que eu tenho que estar “up to date?” Já disse aqui que eu não tenho que nada, então...

Quero falar de:

Algo como aquela nuvem que parece algodão doce, algo como o cheiro de café pela manhã ou a paz de dois, deitados, lado a lado, sem precisar conversar. Da delicadeza de um sorriso, de uma mão sobre outra mão. A delícia do vento de primavera no rosto. A graça e a doçura no olhar do cão. A doçura do doente, no hospital, que sorri e brinca com a criança que chora ao lado.

A delicadeza de não precisar perguntar. E saber. E calar.

A delicadeza de andar com balas no bolso para adoçar a mágoa dos amigos. A graça da folha rodopiando ao vento. A leveza da borboleta azul e o cuidado não menos suave da abelha bebendo na flor.

Há a beleza (e uma certa força, que subverte tudo) do verde que brota entre as placas de concreto na calçada, e que um dia andando de cabeça baixa, chorando, eu vi e nunca esqueci.

A beleza que nenhum cosmético oferece: o brilho no olhar e aquelas abençoadas rugas de quem ri com os olhos quase fechando.

A graça do casal de velhinhos que vai comprar sonhos na padaria, à tarde, de mãos dadas.

Há, ainda, o barulho da ventania nas folhas das árvores e o som da água escoando entre as pedras. Os grilos cantando nas noites quentes e as aves conversando na janela.

O silêncio nobre - e a expressão compassiva e bela – dos que ouvem com atenção e sem interromper.

A graça no rosto das pessoas logo que acordam pela manhã (sempre achei que o rosto, nessa hora, revela uma viagem gostosa, assim como alguém que chega de longe... longe...). É a hora do rosto mais lindo, zoado e amassado, do belo olhar perdido, ao contrário do que a mídia preconiza.

O caminho insondável das formigas no jardim. A beleza daquelas pedrinhas redondas no leito do riacho. O barulho de crianças rindo.

O som da voz de quem a gente ama. As fadas e os duendes que cuidam dos jardins. O cheiro da chuva na terra. O abraço inesperado, a flor inesperada, o café inesperado, o olhar inesperado.

Um certo brilho no cabelo, contra o sol, meio que cor de folha de outono. Olhos que não são castanhos e nem verdes.

A mão do trabalhador que planta e a mão da mãe que cozinha. É tanta beleza que fico um tanto fora do mundo, difícil explicar. Estou tentando. Preciso tentar.

Isso tudo, sem falar na cara de interrogação sincera de quem quer entender; ou da graça delicadíssima dos pezinhos do pardal, se equilibrando nos fios.

E aquela senhora de cabelos branquinhos (um anjo?) que vende balas e doces na caixa de papelão, na rua, arrumando simetricamente - e muito compenetrada - as balinhas de goma, ao lado dos pirulitos, depois os chicletes? Capricho sorridente.

Meu olhar – aparentemente distraído – gira como um HD e fica registrando essas coisas, momentos, passagens...

E me dá uma alegria enorme, assim, de graça, que não posso explicar. É como se estivesse tudo certo. Como se estes momentos fossem os sagrados. Como se nestas dobras de tempo que quase ninguém vê a vida acontecesse leve, suave, com sentido. Acho que isso é um despertar... e se não for, deve ser algo próximo disso. Que alegria é essa? Que abraço sentido é esse? Que festa é essa aqui dentro?



A música suave vem para a língua, cantarolando sem querer. E a certeza do encantado (eu fecho os olhos, vejo e sinto) revela o dia com uma exatidão mais que matemática, com a graça e a delicadeza silenciosa de quem anda descalça (o) pela casa.

De repente, vontade de comer doce. Ia bem aquela maçã caramelada de vermelho das festas juninas, que lambuza, adoça e faz rir. Brigadeiro de panela. Pode ser café bombom, cantando Rita Lee: “A gente não consegue... ficar indiferente... debaixo deste céu...!”

Só quando se insinua, ainda que super remota, a possibilidade de ficar sem aquele sorriso, o olhar ou aquela voz, ou os pezinhos do pardal, tudo o que eu disse aqui fica extremamente claro para mim. E é uma festa. E eu fico sorrindo.

O resto é filosofia.



*Nancy Nuyen é jornalista, professora, roqueira, anarquista, normalmente inadequada, livre e feliz.*

p.s.: sem imagem pq o blogger bla bla bla...





































quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Nostalgia?! Cuidado! É uma armadilha!- COLUNA H.U.M.4.N.A - Por: Michel Siekierski



Cuidado! É uma armadilha!



Quantos de nós já não ouvimos, ao menos uma vez, de nossos pais ou avós as seguintes frases: “...as coisas já não são mais como eram antigamente...” ou “...o mundo está à beira do abismo...” ou então “...no meu tempo as coisas eram melhores...”. Enfim, quem nunca, direta ou indiretamente, foi vítima da NOSTALGIA?

A palavra “nostalgia” vem do francês nostalgie e, segundo o dicionário, quer dizer: 1: Tristeza profunda causada por saudades do afastamento da pátria ou da terra natal. 2: Estado melancólico causado pela falta de algo.

Bom, o que importa para nós é a segunda definição: culturalmente, nos referimos à nostalgia quando falamos daquele eterno e constante sentimento de saudades; àquela sensação de que nada nunca será tão bom quanto era no passado.

A nostalgia é, na verdade, uma grande peça que o cérebro nos prega. Segundo matéria publicada na revista americana LiveScience, o nosso cérebro, por influência das nossas emoções, armazena de maneiras completamente distintas as memórias ruins e as boas (http://health.newsvine.com/_news/2010/10/12/5279623-bad-memories-stick-better-than-good-ones).

Segundo a pesquisa, quando passamos por uma experiência ruim, como um assalto ou acidente de transito, nossas emoções “avisam” nosso cérebro, que passa a funcionar com a maior eficiência possível, memorizando detalhes que, em outras situações, passariam despercebidos. Isso faz parte de um mecanismo de sobrevivência que temos, o qual permite que, através do armazenamento de dados precisos do evento, aprendamos a lidar melhor com ele, da próxima vez em que ocorrer.

Em contrapartida, no caso das lembranças boas, como nosso casamento, formatura ou nascimento do filho, e lembranças normais, como um simples dia de trabalho, o cérebro não recebe este tipo de “aviso”, focando-se apenas no principal e ignorando os detalhes que, com o passar do tempo, serão substituídos por memórias de que, naquelas situações, tudo correu uniformemente bem. Por exemplo, imagine que, no momento do nascimento de seu primeiro filho, você passe por situações como: quase bater o carro a caminho do hospital, levar uma multa por alta velocidade, ter dificuldades em conseguir falar com o ginecologista, demore a ser atendido na maternidade, entre outras tantas coisas desagradáveis que estamos sujeitos neste momento tão mágico. Com o passar do tempo, a tendência é que todos estes detalhes desagradáveis caiam no esquecimento.

A pesquisa ressalta ainda que, por mais certeza que tenhamos acerca dos detalhes entorno de eventos positivos, ou regulares, pelos quais passamos, existe uma grande probabilidade de eles não terem ocorrido exatamente da maneira como lembramos.

E é exatamente aí que está a pegadinha! Ora, se as experiências consideradas normais e cotidianas, com o passar do tempo, passam a ser lembradas, de maneira geral, como boas, será sempre desleal compará-las com as experiências normais e cotidianas mais recentes, cujas lembranças ainda estão acompanhadas de detalhes mais precisos e, digamos, mais realistas.

Por isso, quando alguém mais velho se vangloriar de como TUDO era melhor em sua época, dê os devidos descontos e perdoe-o, pois não se trata de um mentiroso e sim de apenas mais uma vítima de um truque do cérebro. Acreditem: vocês também repetirão as mesmas frases chatas aos seus filhos e netos!

Importante: por mais absurda que a situação possa parecer nos dias de hoje, se na época em que ela ocorreu era considerada normal, com o tempo, nosso cérebro se lembrará dela como algo bom, em todos os seus detalhes.

Neste sentido, a internet e a liberdade de imprensa também ajudam a criar esta ilusão, pois fatos absurdos que aconteciam antigamente e não chegavam ao conhecimento da população, agora chegam com a velocidade de um raio!

Um bom exemplo disso é o crescimento no número de denuncias de corrupção na política, que parece nunca ter sido maior, certo? Mas pare pra pensar: Sarney, Renan Calheiros, Collor, Maluf, Quércia, José Dirceu, Palocci, Genoíno, entre outros, estão na política há décadas! E será que só resolveram começar a roubar agora? Ou será (mais provável) que, simplesmente, agora é que tudo está vindo à tona?

Sendo assim, tenham muito cuidado com as memórias e impressões do passado e combatam a desestimulante e inverídica nostalgia.

Afinal, quando, exatamente, as coisas eram tão melhores? Há vinte anos atrás, na época da inflação e da recessão? Não? Não voltei o suficiente? Que tal há quarenta anos atrás, durante a ditadura no Brasil e a Guerra Fria no mundo, quando se vivia constantemente sob ameaça de um desastre nuclear? Também não? Ok! Que tal há setenta anos atrás durante o nazismo? E durante a Primeira Guerra Mundial? Era melhor também? Quem sabe durante a escravidão dos negros? Durante a Inquisição na Idade Média?

Convenhamos: NÓS NUNCA ESTIVEMOS MELHORES!

É evidente que ainda há muito para ser feito, mas em comparação com o passado, nunca o ser humano foi tão valorizado, nunca os direitos dos animais estiveram tão em pauta, nunca se falou tanto em preservar o meio-ambiente, nunca a democracia foi tão forte, nunca a educação e a informação foram tão acessíveis, nunca as taxas de mortalidade infantil, analfabetismo e natalidade foram mais baixas, nunca os empregados e os consumidores foram tão respeitados, nunca a descriminação e o preconceito foram tão combatidos... Nunca, nunca, nunca!

Por isso, tire o máximo de proveito da época maravilhosa em que vivemos, desfrute de todos os avanços atingidos pelas gerações passadas, deixe novos avanços para as gerações futuras e lembrem-se:



“O passado é lição para se meditar, não para se reproduzir.”

- Mário de Andrade



Valeu galera! Até quinta que vem!





*Michel Siekierski é uma pessoa com princípios e valores arraigados, amante dos pequenos prazeres da vida, que não tem medo de expor suas opiniões e nem de mudá-las, viciado em pensar, questionar e refletir, apaixonado pelo ser humano e colaborador do I.N.T.E.R.V.3.N.Ç.Ã.O   H.U.M.4.N.A às quintas-feiras.*






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