terça-feira, 30 de novembro de 2010

Tem hoje. E só. - COLUNA NA CONTRAMÃO- Por: Nancy Nuyen



Tem hoje. E só.


*por Nancy Nuyen

Dia produtivo. Antes de tudo, explico que entendo como dia produtivo um dia diferente daquele dedicado somente ao trabalho e aos compromissos assumidos.

Não ficou claro? Lá vai: Lembrei de mim. Uma mulher, ser humano, que vive quase sempre no piloto automático ("qual a próxima tarefa, trabalho, obrigação? O que eu esqueci de fazer?").

E me permiti algumas poucas - porém, adoráveis - horas de paz, bobagens, pequenas coisas (que são as grandes, olhando de perto), olhares novos, pensamento voando sem amarras, sentimento chegando e, depois de sentido, indo embora prá dar lugar a outros... enfim.. o que a vida deveria ser.

Daí é assim: acordar sem despertador e se espreguiçar muito. Sair da cama sem correr. Preparar um bom café. Ler os trabalhos dos estudantes com calma. E curtir muito (nooossa, a moçada vem se superando...). Parar para cuidar de si mesmo, ou seja, meditar, caminhar olhando cada casa ao lado, com suas portas, janelas, formatos, jardins, cachorros... Gente, nunca vi que tinha tanta casa bonita neste lugar.

É descobrir que temos novas lojas no pedaço, entrar em cada uma, saudar os lojistas, xeretar sem compromisso e sair andando. Cuidar da pele, da floreira.... Café quentinho na padaria, sem pressa, sentindo o sabor. Parar para fumar um cigarro, demoradamente e... perceber que assim não tem muita graça, e ficar sem vontade de fumar no meio do cigarro, apagar e sair andando. Ligar para o namorado, pausa feliz, sorrindo.

Entrar na lojinha e comprar jujuba, bala de goma, aqueles doces e salgadinhos do tempo da escola. Continuar andando com alguns doces na boca. Pensar: "Será que vai chover hoje?", ou "oba, logo vou montar a árvore de Natal" sem ficar aflita.

Almoço tranquilo, mais leitura, em paz. Brincar com os cachorros, ver os compromissos com mãe e pai, sem ficar impaciente. Lembrar que hoje é dia de rodízio e pensar: "Que bom! Excelente desculpa para andar mais e ver tudo o que não vejo quando estou dirigindo. Hoje vou parar quando tiver vontade e continuar quando quiser. Parar para ver que reformaram a casa da esquina e ficou muito legal e pensar em deixar minha casa mais legal também. Continuar quando tiver visto o que queria ter visto, detalhadamente. Simples assim.

Lembrar, no meio da andança, de quem se é: neste caso,mulher que precisa de alguns cuidados.

Vi coisinhas lindas, brincos, pulseiras etc e tal. Experimentei tudo e só levei o que realmente curti em mim ( e tb o que pensei que ele pudesse curtir, claro, não sou - e nem quero ser - a independente profissional egocentrada). Umas espiadas no computador, para saber dos amigos. Tranquilamente.

Telefonar para uma amiga querida, agendar para nos vermos logo mais. Vai ser bacana, é uma amiga mesmo, não aquela coisa de mulherzinha que troca três beijos, se chama de querida e dá-lhe falação pelas costas... estas ( e homenzinhos assim) já dispensei há muito tempo.

Ih... choveu! As plantas agradecem, quem está no trânsito poderia aproveitar para se alongar ao som de uma música legal, né? Ou ligar para os amigos.

Ouvir e ver que a coisa tá feia no Rio. E perceber que isso entristece, mas não o suficiente para estragar o dia. Sentir, se solidarizar... mas, de forma concreta, foge do alcance qualquer outra ação, exceto escrever sobre, aqui e em outros lugares, talvez em outro momento.

E assim o dia vai passando. E dando voadora - o que, por vezes é necessário - ou ficando zen - o que é sempre necessário - chove, faz sol, casas são reformadas, os enfeites de Natal surgem aqui e ali, cada dia descubro um novo (como é bonito isso, acho que não tive infância, adoro!). Tudo acontece, tudo é. Só não acontece se não permitirmos que os olhos percebam, se nos entregarmos à ansiedade insana de quase todo dia.

E sobraram algumas horinhas de claridade no final. Então é isso. Tudo é. As coisas são. Basta olhar um pouco mais demoradamente. Tirar o pé do acelerador. Afinal, como diz a música, "ninguém sai vivo daqui mas, vamos com calma". É preciso viver e se sentir vivo, se olhar para poder olhar o externo.

Não tem pódio de chegada, não tem prêmio lá na frente. Não é competição, embora tentem nos convencer disso 24 horas. Tem hoje. E só. Estabeleça metas, faça o que precisa ser feito, cumpra sua palavra, não falte com a verdade e não deixe para outro dia. Mas reserve um tempo para deixar A Vida pilotar e sai andando... Faz bem, eu recomendo. Juro que o mundo não acaba. No máximo é possível se dar conta de que não vivemos, na acepção completa da palavra. Estou falando isso prá Nancy - aquela que corre corre corre - ouvir e fazer um dia desses muitas vezes mais. Bora?

*Nancy Nuyen é jornalista, professora, roqueira, anarquista, inadequada e livre. Pensadora e amiga também.*







Cegueira - C.0.L.U.N.4. H.U.M.4.N.A. - Por: Michel Siekierski



Ensaio contra a cegueira




Na semana passada, estava conversando sobre cinema com um amigo e perguntei-lhe se havia assistido ao filme “Diamante de Sangue”. A resposta, que me serviu de inspiração para este texto, foi exatamente esta: “Não, Michel. Não gosto de assistir a filmes que expõem demais a realidade”.

Foi então que não pude deixar de pensar naquela que talvez tenha sido a primeira citação ou frase de efeito que me foi ensinada na escola, assim como estou certo de que foi para muitos de vocês também: “O pior cego é aquele que não quer ver.”

Pois bem, o que me deixa intrigado é como tal ensinamento pode ser esquecido tão fácil e rapidamente pela grande maioria de nossa sociedade, apesar de tão repetido e divulgado, ao longo de tantas gerações. Por que nossa sociedade está tão repleta de pessoas que fazem questão de serem cegas?

Será que, com o passar dos anos, fomos sendo condicionados a manter o “foco” em nossas carreiras, crescer profissionalmente, ganhar cada vez mais dinheiro, ser reconhecido, sem lembrarmos que, de vez em quando é preciso parar um pouco e observar o que está ocorrendo ao nosso redor? Será que estamos tornando-nos uma sociedade repleta de peritos e especialistas, transformando a visão sistêmica em uma qualidade cada vez mais rara?

Certamente, o fato de vivermos na Era da Informação fez com que muitos abrissem seus olhos e mudassem de atitude, ou melhor, tomassem alguma atitude. Entretanto, este mesmo fato torna ainda mais imperdoável a opção pela ignorância feita por tantos outros, como se esta fosse uma alternativa válida.

Muitos dirão que não cabe ao cidadão, mas sim ao Estado, combater todas as injustiças e desigualdades que testemunhamos em nosso cotidiano. Mas não é exatamente este o significado da palavra “iniciativa”? Fazer a coisa certa sem que seja necessário que alguém peça ou nos obrigue a fazê-la? Aliás, por que a iniciativa tornou-se tão valorizada e requisitada no mundo laboral e tão esquecida fora dele?

Mas tudo isso é compreensivo, afinal, sincera e honestamente, quem conseguiria dormir tranqüilo ao refletir sobre toda a miséria em que a MAIORIA dos seres humanos vive, sobre a eminente falta de água no planeta, sobre os animais em extinção, sobre os vira-latas abandonados, sobre os desmatamentos de nossas florestas, sobre a impunidade para os corruptos, etc?

Talvez este seja o ponto! Talvez, quando nos deparamos com estas informações e optamos por ignorá-las, ou então, quando nos limitamos a delegar a solução de nossos problemas para órgãos públicos, notoriamente conhecidos por sua incompetência, devêssemos, de fato, ficar extremamente preocupados e, por que não, até perder nossas sagradas noites de sono.

Sei que as vezes nos sentimos impotentes diante de tanto a ser feito, mas o importante mesmo é aquilo que fazemos dentro de nossas possibilidades. Se todos fizerem apenas aquilo que podem, já teremos um mundo infinitamente melhor. Eu garanto!



"Todo o homem é culpado do bem que não fez" - Voltaire



*Michel Siekierski é uma pessoa com princípios e valores arraigados, amante dos pequenos prazeres da vida, que não tem medo de expor suas opiniões e nem de mudá-las, viciado em pensar, questionar e refletir, apaixonado pelo ser humano e colaborador do I.N.T.E.R.V.E.N.Ç.Ã.O H.U.M.A.N.A às quintas-feiras.* - EXCEPCIONALMENTE EM TEMPOS DE GUERRA, A PUBLICAÇÃO FOI ATRASADA. FALHA MINHA. - T.U.R.Ô.









quarta-feira, 24 de novembro de 2010

'Impostrômetro' - Grubals Psôa saiu da tumba!



Nesta semana o tal de impostrômetro atingiu 1 Trilhão e cem bilhões de impostos:


http://www.tributarista.adm.br/impostometro/home/brasil.php



O mais ridículo nesta realidade mórbida, é que somos obrigados a votar em Impostores...

Isso mesmo, um monte de vagabundos que a único objetivo é criar mais impostos, e são impostores na acepção da palavra:

adj. e s.m. Que ou quem engana com falsas aparências, com mentiras; embusteiro.



A minha maior esperança ou ingênuidade é : Que pelo menos parte deste mísero 1 trilhão de reais seja repassado para pessoas que vivem abaixo da linha da miséria, sem ter o que comer, sem perspectiva nenhuma de melhorar de vida...



E espero que haja alguma punição aos "Impostores" pelas leis do universo...

Quando alguém rouba 1 ou 2 milhões deste País serão 1 ou 2 mil crianças morrendo de doenças e fome no norte de Minas e Sul da Bahia...



Será que sou ingênuo ou para não morrer meu espírito continuo acreditando?



Um abraço do Gruball´s
 
 
*Grubals Psôa é fênix todo dia, corrido, morto-vivo-vivo-morto por aqui, mas continua sendo um dos principais elos do corpo do I.N.T.E.R.V.E.N.Ç.Ã.O.  H.U.M.A.N.A. com a cabeça dos que nos seguem. Ás 4.as., preferencialmente*

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Sobre a Beleza, sem medo - COLUNA NA CONTRAMÃO - Por: Nancy Nuyen



Sobre a beleza, sem medo.




Por Nancy Nuyen*



Hoje as flores chegaram com um sorriso matador.

Rosas vermelhas, num arranjo, delicado, elegante, amoroso.

O sorriso atrás das rosas desviou minha atenção.

As flores chegaram com um abraço daqueles que se perde a noção (aonde termina um e aonde começa o outro?).

Hoje as flores chegaram com um sorriso delicado, elegante, amoroso.

Junto com o abraço.

Cair no abraço. Sem medo. Se jogar na surpresa.

Hoje estou falando de beleza. Sim, beleza. Não aquela que buscamos nos salões de cabelereiro, dieta, escova progressiva, bronzeamento e outras ditaduras estéticas etc e tal.

Beleza de alegria, de acorde musical que ninguém jamais conseguirá escrever, beleza que tem perfume de dia amanhecendo (ou de noite chegando). Beleza com cheiro de terra quando começa a chover, beleza daquela que a alma sai e vai visitar a alma do outro por alguns instantes. Beleza que não existe nas revistas, nas passarelas, nas fotos.

E há tanta dela em cada momento que desejo profundamente jamais perder a percepção desses momentos. Por vezes essa percepção é tão forte que não dá para descrever. Tentarei assim mesmo (preciso) dividir com vocês:

É algo como o sorriso da criança diante do sorvete; o olhar de mãe; as mãos enlaçadas dos namorados no metrô; o olhar “eu estou em outro mundo” do músico; ou o olhar doce e rápido tipo “estou entendendo perfeitamente e estou aqui” dos amigos; o som da buzina do homem que vende pão-doce na rua (sim, eles ainda existem) e trazem toda uma infância (no que ela teve de bom) em segundos; a pressa do bem-te-vi de olhos pintados na janela; a risada no abanar de rabo do cão; as mãos que prepararam o arranjo de flores; as mãos sujas de terra ou de graxa dizendo que o dia foi bacana; a “luta” seguida de muitas risadas sobre o tatame; um chaveiro que circula pela sala em dia de vitória; um barbante amarrado num clip para lembrar que a paciência é uma virtude e que há um momento para tomar decisões e agir; um jardim, qualquer jardim, meu deus, quanta beleza. E há, sobretudo, o tiquetaquear do coração de quem amamos que pode ser ouvido ao encostarmos no seu peito.

Há ainda a beleza da nobreza de espírito, da bondade, da compaixão. E há a beleza furiosa, aquela que vai à luta, esperneia, chora e segue adiante. Beleza vista, sentida ou imaginada, cada uma do seu jeito, cada uma nos olhos, mente, espírito, coração, pele de cada um. A beleza da diversidade, a beleza da sintonia, a beleza que é só paz e silêncio.

Toc toc toc..... plec... plec... A beleza dessa noite no barulho do teclado que liberta, divide, acalma.

Belo, mesmo, é olhar pra esse mundão tão cheio de feiúra (desonestidade, soberba, corrupção, intransigência, ódio, desamparo, padrões únicos sobre o que é beleza...) e poder acreditar que há gente bonita (que não sai nas revistas de moda, ainda bem), e que é gente bonita porque foge dos padrões sobre “o que deve ser belo porque é assim e tem que servir para todos”. Gente de verdade. Assim como um jardim, qualquer jardim.

Belo, mesmo, é o abraço mergulho, de olhos fechados. Sem medo. Momento no qual se faz a canção que jamais será composta em nenhum lugar (deste mundo).

Desejo esta beleza a todos vocês.

Por que ela é necessária para a sobrevivência psíquica, sanidade, conforto interior. Necessária para continuarmos humanos. Necessária para nossa intervenção humana. Necessária para o olhar continuar vendo, as mãos continuarem sentindo, o som chegar numa inspiração e o perfume sem grife nos embalar, nos fazer dormir, em paz. Sem medo.



*Nancy Nuyen é jornalista, professora, roqueira, anarquista, inadequada e livre. Um dos nossos orgulhos e uma das melhores leituras contemporâneas. Indiscutivel e logicamente, prata da casa do I.N.T.E.R.V.3.N.Ç.Ã.O.  H.U.M.4.N.A. ás  6.as-feiras*



























quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Há limites para tudo - C.0.L.U.N.4. H.U.M.4.N.A.- Por: Michel Siekierski




Há limites para tudo!




Há algumas semanas escrevi sobre os inúmeros aspectos positivos acerca daqueles de nós que se permitem mudar, seja de opinião ou de atitude, e procurei mostrar o quanto este processo é importante, tanto para o nosso desenvolvimento pessoal, quanto para o daqueles que nos cercam. A mudança, nada mais é, do que um efeito colateral natural do processo de aprendizagem e evolução, sendo, não apenas positiva, mas também necessária.



Entretanto, houve algo que não mencionei sobre as mudanças naquele texto: seus limites. É importante ressaltar que nem todas as mudanças são benéficas e que, assim como absolutamente tudo em nossas vidas, a arte de mudar exige muito equilíbrio, ponderação e bom-senso.



O ritmo frenético com que o nosso mundo está se transformando, tem nos obrigado tanto a ser cada vez mais flexíveis e adaptáveis, que algumas pessoas simplesmente acionam o “piloto automático” e se tornam verdadeiros camaleões, tendo, como critério único, as exigências das situações. Mudam sem sequer notarem, até chegarem ao ponto em que ninguém, nem mesmo eles próprios, saberão definir suas verdadeiras qualidades e valores.



Em suma, até mesmo as mudanças têm limites. E quais seriam estes?



Certa vez, tive uma professora que me recomendou adotar uma prática, assim como fazem muitas empresas (porém, raríssimas pessoas), que é a definição expressa de sua missão (a razão de sua existência), sua visão (onde e como quer estar em dez anos) e seus valores (diretrizes e regras a serem seguidas e respeitadas durante sua existência).



Pensei muito sobre as razões para uma empresa investir tempo e recursos nisso e concluí que, certamente, um dos principais motivos que às levam a esclarecer estas premissas é justamente o estabelecimento de limites às mudanças. É impedir que a empresa mude e se adapte a ponto de perder sua identidade, sua razão de ser.



Portanto, essa é a resposta da pergunta acima: os limites para as mudanças são nossos valores, nossos princípios. Podemos mudar sempre, desde que os mesmos sejam respeitados.



Mas e quanto aos princípios e valores? Estes não devem mudar nunca? É evidente que sim! Porém não da mesma forma e nem na mesma velocidade.



Pegue o exemplo do nosso ordenamento jurídico: nele, há uma Constituição Federal que, entre outras coisas, determina quais são os princípios e valores do nosso país e, hierarquicamente abaixo dela, encontram-se todas as demais leis e normas que, como requisito mínimo, devem respeitá-la.



As leis, por necessitarem regrar todas as relações de uma sociedade em constante mudança, podem ser criadas, alteradas, extintas e, até mesmo, consideradas obsoletas por alguns juizes, com certa facilidade. Mas a Constituição, não! Por tratar de valores e princípios, o procedimento para sua alteração é muito mais complexo e deve preencher uma serie de exigentes requisitos. Além disso, ela possui um instancia (Supremo Tribunal Federal) encarregada única e exclusivamente de preservá-la, restringindo imensamente as margens de interpretação. Valores e princípios devem ser preservados.



Logo, existe a possibilidade de mudança, porém entende-se que a mesma deve ser muito bem pensada e analisada, afinal, uma alteração de valores feita de uma hora para outra, seja ela de um país, de uma empresa ou de um ser humano, além de ser extremamente superficial, não gera credibilidade frente aqueles que nos cercam.



“Para os problemas de estilo, nada com a corrente; para os problemas de princípios, sê firme como um rochedo” - Thomas Jefferson



Valeu, galera! Até a próxima quinta!



*Michel Siekierski é uma pessoa com princípios e valores arraigados, amante dos pequenos prazeres da vida, que não tem medo de expor suas opiniões e nem de mudá-las, viciado em pensar, questionar e refletir, apaixonado pelo ser humano e colaborador do I.N.T.E.R.V.E.N.Ç.Ã.O H.U.M.A.N.A às quintas-feiras.*


terça-feira, 16 de novembro de 2010

Escravos de nós mesmos - Café Comportamental - Por: Julia Chaim



Escravos de nós mesmos






Uma das maiores buscas humanas é a liberdade. Nos orgulhamos de desfrutá-la. Ser livre, ser leve e solto. Este é nosso alvo.

E muitos conquistam esse estado. Podem ir e vir, exercem esse direito e até esquecem como era viver sem a tal liberdade que tanto sonharam outrora. A liberdade é um lugar e, ironicamente, muitos acreditam que este lugar é externo, é o fim de uma caminhada, é o resultado de todos os combates vencidos. Pode ser também...

O sonho de liberdade muitas vezes se torna inatingível por causa de nossas próprias questões internas, nossas crenças, nossos valores ultrapassados... De coisas que insistimos em acreditar mesmo sabendo que já mudaram e se transformaram.

Vivemos tantas coisas e absorvemos tantas informações que acabamos por nos basear nessas experiências para dar os próximos passos. Temos consciência que aquilo é falido, mas algo nos prende ali, naquele estado, nos impedindo de experimentar a liberdade de novas conquistas e novos ideais.

É o tal conforto que sentimos no que já é conhecido, a acomodação... É melhor ficar aqui onde já se sabe o que esperar do que tentar se jogar no desconhecido, no que vai mudar nossas crenças e esfregar na nossa cara o quão ultrapassado estão nossos valores.

Temos a liberdade e somos escravos de nós mesmos. Alimentamos nossos medos para continuarmos sentados na poltrona velha que já tem o formato de nossos corpos. O que eu não sei, não preciso saber. O que eu não sei só vai bagunçar minhas estruturas e me obrigar a enxergar o óbvio.

Nossas maiores e mais fortes correntes ninguém vê.



Júlia Chaim



*Julia Chaim é menina de sorriso largo e está parecendo um camarão. Contribui ÁS 3.as para o I.N.T.E.R.V.3.N.Ç.Ã.O.  H.U.M.4.N.A.* 




sábado, 13 de novembro de 2010

COLUNA I.M.L. - (INDICAÇÃO MUSICAL/MÍDIA DO LEITOR) - Por: Marcão Magraner

I.M.L.


Por Marcos Magraner...

Eu Tô Falando de Conteúdo, Não de Embalagem........

Sabado, família na sala, rola papo...T.V. ligada pra quê? Pra ver duas meninas de biquini, num cercado tentando pegar galinhas....meu Deus, o apresentador ainda fala: "reparem na técnica que ela tem para apanhar o galinácio", pobre animal ser usado pra mostrar uma bunda na tela.

Domingo. Eleição. Não vou declarar meu voto por que não votei em ninguém...Mas a T.V. está mostrando bundas. Entro na Net. Dilma ganhou, não acho legal, não gosto dela, sou chamado de machista. Não entenderam que a questão é Politica e não Sexista.

Começa a semana, assunto do jornal: atriz global só posa nua por $1.000.000,00, ou seja, estamos falando de bundas.

Feriadão, vamos no Cinema... ebaaaa. Trailer de ação mas também não deixem de ver as bundas no shopping. Passa a semana, coluna do titio Gruballs, ele não aguenta mais o país das Bundas. Vou tomar um café... olho a capa de uma revista, tem uma menina levantando a saia e mostrando o quê? A bunda "made by photoshop".

Aonde estão as mulheres de verdade? Olho para o lado e me acalmo:

Ela está na minha frente sorrindo.Ufa!!!!

Ligo o computador, procurando trilhas sonoras de cinema pra postar aqui. Sou surpreendido por uma invasão de ninfetas de shortinho cantando: "É minha......,é

minha....... eu dou pra quem eu quizer". Surtei.

E como o assunto aqui é dica musical, e nós adoramos mulheres com conteúdo, atitude, que têm algo a dizer, vamos então ouvir algumas delas.

Porque, no final das contas, sabemos bem a diferença entre uma mulher de verdade e um produto de consumo. Pois é, nós amamos mulheres e vocês, meninas, recebam nossa adimiração por serem mulheres de verdade!

E isso aí, só musica boa cantada por mulheres,o que prova que felizmente não somos a pátriado Bundalele, apenas. Deus salve as mulheres de atitude e coragem.

Chiquinha Gonzaga na voz de Maria Bethania
Lua Branca - http://www.youtube.com/watch?v=3iaXBasv9yw

Inezita Barroso :
Colcha de retalhos - http://www.youtube.com/watch?v=cXhtUgYKRvI

Dolores Duran:
A noite do meu Bem - http://www.youtube.com/watch?v=4MrKlLENG3M

Maysa Matarazzo:
Ouça - http://www.youtube.com/watch?v=ytNpEHoq7Pk

Dalva de Oliveira :
Ave Maria do Morro - http://www.youtube.com/watch?v=NS8Yl8HMStA

Gal Costa:
Força estranha - http://www.youtube.com/watch?v=HpHGCULftDI

Rita Lee:
Orra Meu - http://www.youtube.com/watch?v=j9qG9w_5gs0

Cássia Eller:
Todo o amor que houver nesta vida - http://www.youtube.com/watch?v=xQV6XVOB7hw&feature=fvw

Angela Rorô:
Só nos resta viver - http://www.youtube.com/watch?v=LUdme0sYeiM

As Mercenárias:
A Santa Igreja - http://www.youtube.com/watch?v=AIMK8KQfo-I&feature=fvw

Volkana:
Wolle Lotta Love - http://www.youtube.com/watch?v=qsVe2U5dAuo&feature=related

Sandra de Sá:
Olhos coloridos - http://www.youtube.com/watch?v=OQ3yhCVZqec

Elza Soares:
A carne - http://www.youtube.com/watch?v=oKeg7XPxLU4

Ana Carolina e Maria Gadú:
Mais que a mim - http://www.youtube.com/watch?v=WL_jyttbnCA&feature=fvst

Adriana Calcanhoto:
Vambora - http://www.youtube.com/watch?v=OWsEXAr60WI&ob=av2n

Pitty.
Mascara - http://www.youtube.com/watch?v=W4-G-itMgjI

Fernanda Takay:
Luz Negra - http://www.youtube.com/watch?v=rxpZ2XYpXq8

Clara Nunes:
Guerreira - http://www.youtube.com/watch?v=9zgICK9lV3w

Elis Regina:
Fascinação - http://www.youtube.com/watch?v=6UtVmXtitzU



E ai? Entenderam?

Mulheres com coragem ,atitude,belissimas canções........Mulheres que amamos
O Critério pra escolha da dica musical foi um só: Nenhum........

Essa não era brasileira, porém, vale a pena escutar...........

OH SE VALE.......:QUE MULHER.....

http://www.youtube.com/watch?v=rKgcKYTStMc




*Marcos Magraner é músico, leitor assíduo, roqueiro, estudou pouco e fugiu da escola quando ouviu titia Alice Cooper gritar: "Schools out"*




sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Tentando falar com os anjos - COLUNA NA CONTRAMÃO - Por Nan Nuyen



Tentando falar com os anjos


por Nancy Nuyen*



Tem dia que o bicho pega. Nenhuma pergunta ou resposta parecem suficientes para acalmar a vontade de estar num lugar melhor, no que eu tenho prá mim como o melhor lugar do mundo. E nem adianta contar historinha...

Respire, inspire. Não dá para ver tanto. O Ministério da Saúde deveria advertir: Enxergar demais faz mal para a saúde. É muita coisa, muitos registros, flashs, flashbacks, filmes, músicas, lugares, cenas, rostos, cidades, olhos, mãos, aromas.

E tudo leva a um enorme liquidificador em velocidade máxima. Respire. Hélices prestes a detonar sonhos caros, metas, almas, te transformarem em bagaço.

Pois é... Matar um leão por dia e - feliz ou infelizmente - ver que o dia poderia passar muito bem sem leão morto. Ficar amiga do leão. Virar leão. Mas não deixam.

Geração Medo: estudar, trabalhar, pagar,sorrir, comprar, comer, ter a aceitação social, apertar o replay. O que foge disso traz um monstro que devora pessoas e você será devorado e excomungado da igreja global neoliberal.

Tem uma sensibilidade que faz mal, que deveria ser vetada pelos anjos, aquela do cheiro que lembra o que precisa ficar esquecido e enterrado, e que volta em forma de pesadelo recorrente ou lembrança surpresa, vez ou outra, e mexe aqui dentro, e eu queria apagar. Apagar, extirpar, me vingar e tudo de ruim que vc quiser colocar nesta sequência que comecei. Querer voltar o filme para encarnar um Jet Lee rápido, ou um Steven Seagall da vida...

Tem dia que é noite, fica difícil conviver com o que foi e às vezes volta num maldito perfume barato, numa cena ou num flash qualquer, assim, do nada mesmo. Volta na noite/tarde de tempestade quando estou bem acordada.

Terapia, já fiz. Preciso retomar, porém, a cadeia alimentar "estudar, trabalhar, pagar,sorrir, comprar, comer, ter a aceitação social, apertar o replay" tem me dado pouco tempo prá cuidar de mim. Remédio já tomei, resolve por uns tempos. Artes Marciais é muito bom, mas a cadeia alimentar etc e tal... repete.

Ontem comi três caixas de bala de menta enquanto dirigia. Hoje foi um sorvete e um chocolate depois do almoço, mais tarde vai ter mais. Ameniza... me ensinaram. E eu escuto, choro, mas faço o que me ensinaram com amor.

Tem dia que a resposta para uma questão "simplesinha" ou simplória - Aonde estava Deus naquele dia? - fica esquecida. Ele respondeu, eu até compreendi, mas tem dia que eu não consigo escutar a resposta que compreendi. Respire. Gosto Dele, sinto Seu cuidado, mas por vezes vem uma revolta master visceral. E daí é usar essa revolta para ser alguém melhor. Venho tentanto isso, all days.

Não quero matar um leão por dia. Preciso fazer as pazes com o leão ou ficar amiga dele ou simplesmente ignorar o leão. Ou ser um. Preciso fazer as pazes comigo em alguns assuntos ainda. Preciso é matar essa coisa guardada que joga-se fora e de vez em quando vejo que ela volta e olha para mim.

Enquanto isso, me deixem sonhar que estou no melhor lugar do mundo. "Haja como se fosse", vocês me ensinaram. E eu acredito em vocês.

Força, hoje eu preciso emprestada. E sei que terei. Respira. Alívio.



*Nancy Nuyen é jornalista, professora, roqueira, anarquista, inadequada e livre.



quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Racismo - C.0.L.U.N.4. H.U.M.4.N.A. - Por: Michel Siekierski




Nós, cidadãos do glorioso Estado de São Paulo, insatisfeitos com a política interna e com o processo eleitoral do país, desejamos o que segue:


A constituição de uma Grande República de São Paulo, que reúna todos os paulistas, baseados no direito dos povos a disporem de si mesmos

Só os paulistas gozam de direitos cívicos. Para ser paulista, é necessário ser de sangue paulista. A confissão religiosa pouco importa. Nenhum nordestino, porém, pode ser cidadão paulista.

Os não paulistas só podem viver em São Paulo como hóspedes, e terão de submeter-se à legislação sobre os estrangeiros.

O direito de fixar a orientação e as leis do Estado é reservado unicamente aos paulistas. Por isso pedimos que todas as funções públicas, seja qual for a sua natureza, não possam ser exercidas senão por paulistas.

Pedimos que o Estado se comprometa a proporcionar meios de vida a todos os paulistas. Se o país não puder alimentar toda a população, os não paulistas devem ser expulsos do mesmo.

É necessário impedir novas imigrações de não paulistas. Pedimos que todos os não paulistas estabelecidos em São Paulo depois de 1 de janeiro de 2000, sejam imediatamente obrigados a deixar o Estado.

A supressão do rendimento dos ociosos e dos que levam uma vida fácil (bolsa-família), a supressão da escravidão do juro.

CALMA, GENTE! A intenção era deixar todos chocados mesmo! Eu explico!

Como alguns de vocês já devem ter notado através de meu sobrenome, sou descendente de europeus e, mais precisamente, de europeus que lograram, de forma heróica, sobreviver aos horrores do regime nazista.

Sendo assim, apesar de não haver votado na candidata eleita à presidência da República, não pude deixar de ficar chocado com a grande onda de racismo e xenofobia que tomou conta da internet nos últimos dias.

São milhares de pessoas do Sul e Sudeste do país, que pregam verdadeiros absurdos e barbaridades contra os povos do Norte e Nordeste. Começam com argumentos sócio-econômicos, tentando provar o improvável (que há uma explicação lógica e coerente para o preconceito) e, logo, talvez pela completa falta de argumentos, passam a mentir, ofender e, até mesmo, pregar a violência contra estas pessoas.

Esta semana li um comentário de um dos amigos de nosso blog, lembrando de como a humanidade é cíclica e de como a história se repete. Pode parecer exagero de minha parte, mas encontro inúmeras semelhanças entre as demandas e argumentos destes “pseudo-intelectuais” e as do partido nazista, no momento de sua criação.

Logo, resolvi fazer um pequeno exercício, para provar meu ponto de vista: os itens escritos acima foram copiados do “Programa do Partido Nacional Socialista Alemão dos Trabalhadores (Partido Nazista)”, escrito em 1920. Apenas me dei ao trabalho de substituir os termos que se referiam à Alemanha e ao povo alemão, por termos que se referem à São Paulo e aos paulistas, modifiquei as datas, para dar verossimilhança, além de substituir, também, o termo “judeu” por “nordestino”. Ficou mais claro onde eu queria chegar?

E a pergunta que não sai da minha cabeça é: como podemos, depois de testemunhar todas as atrocidades que o preconceito trouxe ao mundo, persistir, novamente, no mesmo equivoco?

Vieram-me à cabeça duas razões: a primeira é a provável falta de conhecimentos sobre a historia da humanidade que esse pessoal tem e, por isso, não tiraram nenhuma lição do passado; já a segunda diz respeito ao ato de tentar trazer complexidade e margem de interpretação para valores simples e objetivos.

No primeiro caso, não posso fazer muito além de propor-me a ensinar um pouco de historia à estas pessoas ou recomendar um bom professor. Já referente ao segundo caso, posso dizer o seguinte: O PRECONCEITO É ERRADO. Pronto! Simples assim! Não há observações adicionais, justificativas, argumentações, notas de rodapé e nem exceções. É sempre errado, em qualquer circunstância!

É necessário combatermos em todas as frentes este tipo de ideologia, pois o nazismo, apesar de desprezível, jamais pode ser desprezado (como ameaça). Ele se aproxima sem que se perceba, atingindo, inicialmente, uma pequena parcela da população que, neste momento, é vista como louca, sendo, inclusive, motivo de chacota. Porém, por se tratar de uma doença extremamente contagiosa, o nazismo passa a contaminar as mais variadas parcelas de nossa sociedade, instalando-se como uma grande epidemia. E aí, meus amigos, o monstro já se tornou grande e poderoso demais para ser domado. Por isso, nunca o subestimem!

“Primeiro vieram atrás dos comunistas,
e não protestei, pois eu não era um comunista.

Depois vieram atrás dos sindicalistas,
e não protestei, pois eu não era um sindicalista.

Depois vieram atrás dos judeus,
e não protestei, pois eu não era um judeu.

Depois vieram atrás de mim,
e então já não havia sobrado mais ninguém para protestar.”

– Pastor Martin Niemöller (1892–1984), sobre a passividade dos intelectuais alemães frente à subida dos nazistas ao poder.


Valeu, galera! Até quinta-feira que vem!



*Michel Siekierski é uma pessoa com princípios e valores arraigados, amante dos pequenos prazeres da vida, que não tem medo de expor suas opiniões e nem de mudá-las, viciado em pensar, questionar e refletir, apaixonado pelo ser humano e colaborador do I.N.T.E.R.V.E.N.Ç.Ã.O H.U.M.A.N.A às quintas-feiras. Twitter: @michelsiek*

Obs.: Foto vem depois. Blogger não está ajudando.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

...que ainda há tempo - V.I.D.A. - Versos Intimos De Auforria / Por: T.U.R.Ô.|T.H.U.I.



Ando motivado.

E não é pelos negócios á todo vapor, chegado.
Chega uma hora em que não adianta tentar aprisionar o que não nasceu p'ra ser encarceirado. Vira fardo.

Os porcos de farda me pararam hoje:
- ''Mão pra cima... e tá avisado!''


Ri.
Olhei com cara de desdém e soltei um:
-'' Pois não? ''

Tenho cara de bom moço, tio.
- SOU bom moço. Além dos campos de visão.
Rei, PHD e CEO da criação. Criança em ação. Mas passei da fase super-herói, saca?
Saí daquele movimento de não saber o que acontece, e por não saber não pensa, e aí sim ataca.

Parei de andar com semblante rígido. Pés e mãos á mil. Pensamento afoito.
Cheguei hoje tiozin,' onde nem eu esperava: há 3 meses passei pros 28.

Astro do rap? Não. Não astro; mas espero que tenham acesso ao que eu falo. Que eu consiga ser ouvido.
Super campeão mundial ? Não.
Super visão além do alcance? Ás vezes.

Quando Deus e Eu me permito. Uso as maiúsculas no ritmo, já que Deus e Eu habitamos um no outro e ás vezes também fugimos.Fingimos... não ver. Maldito colírio.
Por mãos atadas é melhor só observar, não interceder. Uma espécie de respeito e abrigo p'ro livre-arbítrio.

O canal é sempre deixar acontecer.

Sabe quando menos é mais?
Sabe quando se solta algo, justamente por não aguentar mais?

A cabeça quer, o músculo vacila.
Tô indo devagar. Esperando me chamarem, chegar minha vez na fila.
Vejo vários cansados, querendo esticar pseudo-legados pedirem pro treinador: por favor, me tira!
Aê irmão: Tá cansado mesmo?!
Não se apavora. Toca a bola pra mim e respira.

Não tenho pressa que nada aconteça.
Só tenho foco e disciplina, pra estar preparado. Pra que a cabeça não esqueça e a centelha não esmoreça. Alimento com toneladas de fé e amor, p'ra que só cresça.

Não me vendo.
Nem vendendo (que é meu trampo!), me vendo.
Não me vendo p'ra tudo que eu vejo e tranquilamente fingem não estar acontecendo.

Sigo calado entre os muros grafitados e a calada da noite.
Sigo andando com a cabeça erguida...orgulho mesmo, já se foi o tempo do açoite.

Quem veio da onde eu vim, faz mesmo questão de mostrar o que ganhou.
E não é pra esfregar na cara (por mais que uns mereçam isso).
É a última prova, p'ros próprios olhos, que aquilo tudo passou.

Raça é o que determina a estadia.

E não a raça padronizada pelos homens. A raça da gana. De se entregar de corpo e alma. De não se entregar de corpo e alma. Nada á ver com humana. A raça que não é raiva. A raça que é calma. A raça que é tão desconhecida, que uns até a chamam de profana.


Sigo com esmero e entrega, enquanto espero o pacote que não chega. Se marcar o coiote leva .
Enquanto não há fim, estamos no começo.
E o começo tem cheiro de sangue á vera - ainda que lento.

E em todo começo se subentende uma única coisa: que ainda há tempo.



*T.U.R.Ô.|T.H.U.I. é um pseudônimo. Apelido. Resumo. Mas sou eu também.
Para mais, acesse http://acidjackal.blogspot.com/*

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Todos os lados da dor - Café Comportamental - Por: Julia Chaim



Todos os lados da dor




Fisicamente e mentalmente falando, qual o melhor lugar para colocarmos as nossas dores? As dores ligadas às decepções, às incompreensões, aos tapas na cara (literais e metafóricos), ao que é absurdo e surpreendentemente negativo... Onde deve ficar o que aprendemos com tudo isso? Até que ponto devemos nos basear no nosso passado para saber como agir no futuro?

Algumas pessoas tem ciência do quão ruim uma outra pessoa pode ser. Outras sabem a maravilha que o próximo pode proporcionar. E isso não quer dizer que os outros ditam como devemos ser, isso mostra que todos nós temos a capacidade de praticar qualquer tipo de ação e fazer parte de qualquer lado da história.

O fato de sabermos o que esperar das pessoas deve influenciar todo o nosso ponto de vista? Deve mudar nossas escolhas e nos fazer percorrer por outros caminhos?

O mal que me foi feito tem o direito de mudar toda a minha vida? O bem que me foi causado pode me fazer acreditar que sempre haverá flores no meu jardim?

Enfim, as dores e seus aprendizados devem ficar lado a lado, agarrados ou não? Devem ser independentes e transformadores?

Hoje eu faço perguntas e necessito de respostas. Hoje não sei bem para onde seguir. Hoje eu quero que as minhas dores sejam imperceptíveis e meus aprendizados sejam menos determinantes.

Hoje eu quero. Amanhã já não sei mais.



Júlia Chaim


*Júlia é da roça, sorriso largo, cabelão. Pensa e come chocolate. Quando sorri, faz qualquer pessoa ao seu lado passar vergonha, de tão alto. Tbm escreve pro I.N.T.E.R.V.3.N.Ç.Ã.O.  H.U.M.4.N.A. ás 3.as-feiras.*

Disposição da alma. COLUNA NA CONTRAMÃO - Por: Nancy Nuyen.



Disposição da alma


"Bebida é água, comida é pasto. Você tem sede de quê? Você tem fome de quê?" (Titãs)

por Nancy Nuyen*



Li recentemente, numa dessas redes sociais, o post de um amigo (mais que brother), falando sobre a impossibilidade de ajudar alguém. Fiquei muito pensativa.

Sou professora e, como já postei por aqui anteriormente, acredito que meu trabalho é compartilhar minha experiência profissional e de vida, meus estudos e meu jeito de ler o mundo com pessoas que estão no propósito de seguir a carreira profissional que segui.

Pois bem. O que percebo desde que comecei a trabalhar com isso é que, para ocorrer um avanço ou uma mudança (o que chamam de aprendizado, não gosto muito desta palavra) no sentido de termos mais que profissionais bem preparados, pessoas melhores (incluindo eu mesma aí) é a contrapartida.

Explicando: não há como obrigar quem não queira a estudar, a se interessar, a compartilhar, a dividir, a avançar. É preciso que a pessoa queira e, mais que isso, tenha a honesta disposição de colaborar, se comprometer (espontaneamente) e dividir - aqui falo de generosidade. Não a generosidade de dividir coisas, dinheiro, mas a generosidade da alma, a disposição de olhar com empatia e de coração aberto.

E sob meu ponto de vista, isso serve para tudo nesta vida. Recentemente recebi um ataque bem maldoso de alguém que eu tinha como pessoa generosa, alguém com quem pensava poder contar para as horas difíceis. E aqui falo de crueldade. Sim, podemos e constantemente ficamos raivosos, furiosos, revoltados, o que não nos dá o direito de sermos cruéis, na minha visão. Há uma distãncia enorme entre "falar o que se pensa" e ser cruel.

Não foi a primeira vez que isso aconteceu, mas continuo - e continuarei - apostando num mundo mais humano até que me provem o contrário. Afinal, termina sempre entre eu e Deus (nunca foi entre eu e o outro), quando o que está na roda são princípios, valores, ética, bondade, coragem.

Pois bem, esse alguém veio me pedir ajuda há quase dois anos. Dei o meu melhor, imperfeito, sou humana e falível, mas foi o meu melhor. Algumas vezes fui buscar o que eu nem tinha para oferecer. Pedia forças para ouvir com calma, apontar para caminhos que já trilhei e que se mostraram bacanas.... Mas não deu certo.

Não havia honestidade, uma contrapartida limpa, cristalina, verdadeira. Nunca houve, só na minha cabeça e no meu coração. E a "generosidade" - que desobri depois, tinha aspas - acabou por telefone, num momento que eu precisava de um ombro.

A lição ficou. Aprendi que um pouco de desconfiança (infelizmente, para o meu gosto), ou melhor, prudência faz bem. Talvez eu tivesse que ter sido mais atenta, não sei... aprendi que começar processos de qualquer ordem com desconfiança me faz muito mal e me engessa. Mas é preciso prudência.

Paciência, não vou mudar de uma hora para outra, mas a vida vai ensinando, poderia ter ficado mais atenta, agora já foi, ia doer menos, mas não tem problema, uma dorzinha vez ou outra me lembra que preciso cuidar da vida, do meu amor, dos bons amigos e de mim mesma. Cuidar de gente cristalina, que chegue sem mentira, de cara lavada e coração escancarado ( #prontofalei). Gente com vontade e propósito no que quer. Principalmente com propósito e honestidade sobre o que não quer. Isso é para poucos. São aqueles que, na atualidade mundial e histórica e social etc e tal são chamados de trouxas, bobos, ingênuos, crédulos.

A vida é assim, neste planetinha azul e no país onde uma griffe de roupa ou sapato fala mais alto do que um sorriso aberto na elaboração de perfis e competências. Deveria existir griffe para caráter, plaquinhas que orientassem: " Cuidado, é só blá blá blá..." .

Enquanto não existem essas plaquinhas automáticas, continuo confiando na vida, limpando os arranhões (alguns viram feridas, cicatrizam) e tocando em frente, "fazendo a correria" como dizem do outro lado da ponte, onde os códigos de conduta são mais respeitados.

O que motiva é perceber, durante as aulas, uns dois ou três, entre quarenta, que estão honestamente dispostos. Que fosse um só: já valeria o dia, o trabalho, a dedicação.

O mais louco é que eu tenho paz. E continuo sorrindo, coração e cara lavados. Inadequada. Livre.



* Nancy Nuyen é jornalista, professora, roqueira, anarquista, livre e inadequada.*

All Apologies

Super corrido.
Material acumulando. Vou literalmente descarregar aqui o que tenho já. Não que isso seja ruim.
Afinal, vamos ler a Nancy 2x aqui, a Julia 'Sorrisão' acho que mais 2 tbm.

Definitivamente preciso de ajuda.

Se alguém tiver sugestões ou meios de ajudar, sou todo silêncio.

Aguardo.


Beijos e abraços.



T.U.R.Ô.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Viemos pra ficar! - C.O.L.U.N.A. H.U.M.4.N.A. - Por: Michel Siekierski


Viemos pra ficar!


Esta semana gostaria de escrever acerca do tão famoso e comentado “jeitinho brasileiro”. Afinal de contas, de onde vem? O que é, exatamente? E por que é tão prejudicial?


Segundo o sociólogo Sergio Buarque de Holanda, em sua obra “Raízes do Brasil”, em nosso período colonial, talvez pelo clima ou por nossa terra “abençoada”, a idéia essencial dos portugueses sempre foi a exploração de nossas riquezas naturais (basta ler a carta de Pero Vaz de Caminha), ao contrário do que ocorreu em muitas outras colônias européias. Nenhum português vinha ao Brasil, por livre e espontânea vontade, para torná-lo seu novo lar, mas sim para enriquecer e retornar à Portugal.

Sendo assim, o Brasil foi construído e colonizado por pessoas que estavam aqui apenas de passagem, dando origem a este comportamento típico, digamos assim, do povo brasileiro que, até hoje, continua comportando-se como se estivesse aqui apenas de passagem, sem preocupar-se em respeitar regras e procedimentos, buscar soluções de longo prazo, preservar, planejar, enfim, sem qualquer tipo de carinho ou zelo.


Particularmente, não sei se foi assim que tudo começou, mas, sem dúvida, há tempos que tal comportamento existe e persiste em nossa sociedade, comprometendo e atrasando por completo o nosso desenvolvimento.


O “jeitinho brasileiro” nada mais é do que um hábito incessante de buscar por atalhos e caminhos alternativos. É a falta de análise e combate das verdadeiras causas das adversidades, adotando iniciativas inconseqüentes, que focam-se apenas em combater os sintomas a curto prazo. É o pensamento individualista que cria a necessidade do sentimento de “levar vantagem”.

E se já há um completo descaso na solução definitiva dos problemas, a prevenção torna-se quase uma utopia completa.

O maior problema deste tipo de comportamento é exatamente o seu sucesso em ocultar sintomas, o que acaba criando a ilusão de que a solução proposta trouxe resultados, sendo que, na realidade, foi tão eficaz quanto consumir aspirinas diariamente para combater um tumor no cérebro.

É assim: falamos de combate à violência, sem falar em educação; falamos em saúde, sem falar em saneamento básico; falamos em sonegação de impostos, sem falar em reforma tributária; falamos em desemprego, sem considerar uma reforma trabalhista, falamos em melhorar a vida dos aposentados, sem cogitar a reformulação do sistema previdenciário; combatemos as drogas, sem questionar os motivos pelos quais as pessoas as procuram; combatemos a pobreza com esmolas; a desigualdade racial com cotas em universidades, o desrespeito às leis de trânsito com multas...


Chega de imediatismos, de tapar o sol com a peneira, de remédios para nossas dores: é hora de retirar os tumores! Enfrentaremos cirurgias, dolorosas recuperações, tratamentos agressivos e até eventuais insucessos ao longo da jornada, mas, já que não estamos aqui apenas de passagem, lutaremos até o fim e não nos daremos por vencidos! Parafraseando Michael Moore: “Recusamo-nos a viver em um país como este! E nós não vamos embora!”.


“Para todo problema, sempre há uma solução simples, barata, elegante, rápida e ERRADA.” – Ediel Ribeiro, jornalista.

Valeu galera! Até quinta que vem!



*Michel Siekierski é uma pessoa com princípios e valores arraigados, amante dos pequenos prazeres da vida, que não tem medo de expor suas opiniões e nem de mudá-las, viciado em pensar, questionar e refletir, apaixonado pelo ser humano e colaborador do I.N.T.E.R.V.3.N.Ç.Ã.O H.U.M.4.N.A às quintas-feiras. Twitter: @michelsieki*


Grubals Psôa PÓS-ELEIÇÃO.



Aprendi muito nestas eleições:


1o. Quebrar a cabeça pra tentar descobrir quem é o menos pior...

2o. Sobre o Artigo acima do Código Eleitoral:

Como podem serem presos as pessoas mais importantes para votarem em ladrões e pilantras...
Afinal, ladrão vota em ladrão...

Como o cara vai assumir o mandato se ele está preso?
Vamos proteger os pilantras!!!

Como a maioria das leis deste país de valores invertidos, esta é só mais uma:
protege quem não presta e é safado e bota na bunda de quem trabalha e é cidadão honesto...

Moral Jurídica deste país bunda rebolation:
Vamos fuder o povo e cidadãos honestos e proteger a corja de vampiros!!!

Viva a Democracia onde é obrigatório o voto!!!


Viva o Gonzo do Muppet Show! somos nós, depois da música da roubalheira generalizada e palhaçada, tocamos a nota desafinada no final...

Isso é votar neste país!!!


*Grubals é gente nossa. Toda 4.a aqui no I.N.T.E.R.V.3.N.Ç.Ã.O.  H.U.M.4.N.A. *