quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Viemos pra ficar! - C.O.L.U.N.A. H.U.M.4.N.A. - Por: Michel Siekierski


Viemos pra ficar!


Esta semana gostaria de escrever acerca do tão famoso e comentado “jeitinho brasileiro”. Afinal de contas, de onde vem? O que é, exatamente? E por que é tão prejudicial?


Segundo o sociólogo Sergio Buarque de Holanda, em sua obra “Raízes do Brasil”, em nosso período colonial, talvez pelo clima ou por nossa terra “abençoada”, a idéia essencial dos portugueses sempre foi a exploração de nossas riquezas naturais (basta ler a carta de Pero Vaz de Caminha), ao contrário do que ocorreu em muitas outras colônias européias. Nenhum português vinha ao Brasil, por livre e espontânea vontade, para torná-lo seu novo lar, mas sim para enriquecer e retornar à Portugal.

Sendo assim, o Brasil foi construído e colonizado por pessoas que estavam aqui apenas de passagem, dando origem a este comportamento típico, digamos assim, do povo brasileiro que, até hoje, continua comportando-se como se estivesse aqui apenas de passagem, sem preocupar-se em respeitar regras e procedimentos, buscar soluções de longo prazo, preservar, planejar, enfim, sem qualquer tipo de carinho ou zelo.


Particularmente, não sei se foi assim que tudo começou, mas, sem dúvida, há tempos que tal comportamento existe e persiste em nossa sociedade, comprometendo e atrasando por completo o nosso desenvolvimento.


O “jeitinho brasileiro” nada mais é do que um hábito incessante de buscar por atalhos e caminhos alternativos. É a falta de análise e combate das verdadeiras causas das adversidades, adotando iniciativas inconseqüentes, que focam-se apenas em combater os sintomas a curto prazo. É o pensamento individualista que cria a necessidade do sentimento de “levar vantagem”.

E se já há um completo descaso na solução definitiva dos problemas, a prevenção torna-se quase uma utopia completa.

O maior problema deste tipo de comportamento é exatamente o seu sucesso em ocultar sintomas, o que acaba criando a ilusão de que a solução proposta trouxe resultados, sendo que, na realidade, foi tão eficaz quanto consumir aspirinas diariamente para combater um tumor no cérebro.

É assim: falamos de combate à violência, sem falar em educação; falamos em saúde, sem falar em saneamento básico; falamos em sonegação de impostos, sem falar em reforma tributária; falamos em desemprego, sem considerar uma reforma trabalhista, falamos em melhorar a vida dos aposentados, sem cogitar a reformulação do sistema previdenciário; combatemos as drogas, sem questionar os motivos pelos quais as pessoas as procuram; combatemos a pobreza com esmolas; a desigualdade racial com cotas em universidades, o desrespeito às leis de trânsito com multas...


Chega de imediatismos, de tapar o sol com a peneira, de remédios para nossas dores: é hora de retirar os tumores! Enfrentaremos cirurgias, dolorosas recuperações, tratamentos agressivos e até eventuais insucessos ao longo da jornada, mas, já que não estamos aqui apenas de passagem, lutaremos até o fim e não nos daremos por vencidos! Parafraseando Michael Moore: “Recusamo-nos a viver em um país como este! E nós não vamos embora!”.


“Para todo problema, sempre há uma solução simples, barata, elegante, rápida e ERRADA.” – Ediel Ribeiro, jornalista.

Valeu galera! Até quinta que vem!



*Michel Siekierski é uma pessoa com princípios e valores arraigados, amante dos pequenos prazeres da vida, que não tem medo de expor suas opiniões e nem de mudá-las, viciado em pensar, questionar e refletir, apaixonado pelo ser humano e colaborador do I.N.T.E.R.V.3.N.Ç.Ã.O H.U.M.4.N.A às quintas-feiras. Twitter: @michelsieki*


8 comentários:

  1. Excelente! Me surpreendeu!! beijo, Frida

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  2. Beleza Michel!!!! Como vc mostra, o que é provisório fica definitivo e assim a coisa vai andando. É hora de mudar isso. Abraços,
    nancy

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  4. Voces conhecem uma avenida chamada juntas provisórias,pois é......um belo retrato pois ela é mais do que definitiva...assim como medidas provisórias.Mandou bem cara definitivamente.

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  6. Obrigado pelos comentários, gente! Que bom que gostaram! Visão sistêmica eh o que nos tem faltado! Mas isso vai mudar e eh agora!

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  7. Fazendo como fiz da outra vez, gostaria de comprar isso ao mundo coorporativo. Nas empresas, isso acaba se repetindo muito, gerando muito disperdício, tanto de pessoas, bons profissionais, como financeiros. Muitos gestores escondem sua falha na capacitação de suas equipes apenas trocando pessoas, demitindo e contratando, e se esquecem de sua responsabilidade como multiplicadores e formadores de talentos. Quando uma empresa detecta uma falha, seja sistêmica, comercial, de produto, estratégia ou pessoas, atua no problema, e não no que o causou.
    Hoje se fala muito nisso, em atuar sobre as CAUSAS! E daí sim vem a real economia para empresa e entrega de qualidade para seus clientes e consumidores.
    Muito boa sua coluna, Michel! Um abraço,
    Joel.

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  8. Sem duvida, Joel! O mundo corporativo sofre muito com este tipo de pensamento, tanto direta, quanto indiretamente. As pessoas cobram decisões mais rapidas do que efetivas e dai, algum tempo depois... Olha o problama ai de novo! Valeu!

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Á vontade, como se estivesse em casa...