segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Pulp Fiction - Por: L'Pil

O mundo está transbordando de rapazes e garotas lindas, cabelos impecáveis, roupas transparentes, peles bem tratadas e movimentos eróticos. Entram e saem dos metrôs,



Bancos, edifícios, avenidas, desviando os olhares como se clamassem para continuar na deplorável situação de estarem: Sozinhos.


É raro encontrar quem saiba qual é a sensação ao despertar numa manhã de segunda feira, olhar para o lado e sentir o hálito abafado de sono da pessoa que roubou seu cobertor e se mexeu bastante durante a noite toda, e ainda assim sorrir e dizer “bom dia, meu amor”. E realmente sentir que aquela seria uma ótima segunda feira, por que começou ali, na cama, com alguém.


Que carência é essa de tomar sorvete dividindo a mesma colher, passear de mãos dadas, deitar no colo e choramingar sem motivo, sem ter que depois mostrar performances dignas de um filósofo francês. Coisas simples que perdemos nessa nossa busca sem fim de uma evolução acéfala.


Sentir-se bem e amado pra que? Sorte no jogo e infeliz no amor, enquanto for assim e a produção continuar, está ótimo. Não!



Tornamo-nos personagens reais ao mais fiel estilo “Tempos Modernos”, verdadeiras máquinas desesperadas por não saber como “sentir”.


Para onde quer que olhemos, é sempre um ou dois felizardos que transparecem a satisfação de estarem realmente felizes, todo o resto não passa de solitários em meio a uma manada de reações automáticas, previsíveis e etéreas.


Retardamos o envelhecimento, estamos a cada dia mais belos e mais sozinhos. Preferimos fechar a cara e nos sentir a pessoa que mais tem direito à preocupação e pressa do que permitir um sorriso a dois.



Todos nós sabemos que a vida as vezes é feia e endurece a gente, mas prefiro crer na missão de torná-la aceitável. É possível posicionar os problemas na cabeça e deixar escapar um sorriso no rosto, esquecê-los na quantidade de minutos que levar pra saborear um frapuccino ao entardecer. É possível ser um grande homem de negócios e tomar yogurt com o dedo e é mais possível amar, ainda que os obstáculos sejam de dimensões tremendas.



Se temos coragem pra sair de casa e respirar todo esse ar contaminado por poluição, mau humor e secura, tenhamos também pra ir até a janela de alguém e dizer: “vamos ter bons e maus momentos, vamos acordar cedo pra ver o sol nascer, vamos uma hora ou outra sentir que o barco ta furado e ainda assim continuar remando. Vamos fazer de tudo e se não der certo tudo bem, mas se eu não pedir que fique comigo tenho certeza de que vou me arrepender pelo resto da vida”.



Ame!

 
 
 
*L'Pil é colaboradora semanal na coluna Pulp Fiction aqui no I.N.T.E.R.V.3.N.Ç.Ã.O.  H.U.M.A.N.A. (ás segundas), publicitária e modelo (no melhor significado da palavra) pin-up dos anos 2000.

2 comentários:

Á vontade, como se estivesse em casa...